Nasceu em dezembro de 1983, em Boston, nos Estados Unidos, mas foi em Portugal que viveu a infância e adolescência.
Os pais são portugueses, mas terminaram o curso de Medicina em Boston. O pai era otorrinolaringologista e a mãe audiologista. Filha de família de otorrinos, para este podcast trouxe a imagem de um osso temporal que estava “dentro de uma caixinha” no escritório do pai.
Tinha seis anos quando a família se mudou para Portugal e estudou no colégio St. Julian´s, em Carcavelos. “Sinto-me mais portuguesa do que americana, claro!”
A mudança foi “bastante fácil” e estudar numa escola internacional ajudou no processo. Os amigos que fez na escola, em 1989, ainda são os de hoje. “Aconteceu o mesmo que acontece hoje com os meus filhos. Eu percebia tudo em português, mas respondia em inglês”, recorda.
A paixão pelo teatro vem desde criança e sempre teve o apoio dos pais. Começou no mundo das telenovelas ainda adolescente e não esquece o telefonema que recebeu no velhinho “Nokia tijolo” depois das aulas. “Tinha ficado com o papel na novela Jardins Proibidos. Fiquei eufórica”, recorda.
A entrada numa das novelas com mais sucesso da televisão portuguesa foi só o ponto de partida. Depois levantou voo para Londres, onde estudou. Regressou a Portugal, mas por pouco tempo, a porta já estava aberta para os EUA.
“A vontade de ir para os Estados Unidos nunca foi uma comparação com Portugal. A nossa família é internacional. Tenho família no Brasil, um tio casado com uma checa, outro com uma mulher israelita. A minha família é misturada”, explica.
Fazia sentido tentar uma carreira internacional e “correu bem”. Em 2007 chegava aos Estados Unidos e em 2009 foi escolhida para o papel de Kensi, personagem que fez ao longo 14 anos, na série Investigação Criminal: Los Angeles. “Foi uma sorte! Não só ter o papel como a série ter continuado, porque podíamos ter gravado o piloto e ter ficado por ali”, conta.
Nunca se deslumbrou com a fama. Com 16 anos já era uma figura pública em Portugal e nada mudou na América. “Fazia parte do meu dia-a-dia”, diz.
É casada com um duplo de televisão e cinema e tem dois filhos. Hoje trabalha mais do outro lado da câmara, como realizadora, e reflete sobre o espaço que a IA tem vindo a ganhar e o risco de vir a “substituir” os humanos.
Daniela Ruah é a nova convidada do Geração 80. Numa conversa conduzida por Francisco Pedro Balsemão, abre as cortinas aos bastidores das séries e da representação nos Estados Unidos, fala abertamente sobre a greve dos atores que fez notícia em todo o mundo e sobre a infância em Portugal. Ouça aqui a entrevista.
Livres e sonhadores, os anos 80 em Portugal foram marcados pela consolidação da democracia e uma abertura ao mundo impulsionada pela adesão à CEE. Foram anos de grande criatividade, cujo impacto ainda hoje perdura. Apesar dos bigodes, dos chumaços e das permanentes, os anos 80 deram ao mundo a melhor colheita de sempre? Neste podcast, damos voz a uma série de portugueses nascidos nessa década brilhante, num regresso ao futuro guiado por Francisco Pedro Balsemão, nascido em 1980.