Geração 70 em Podcast

“A politização do país nos anos 80 era de um extremismo atroz, frente ao prédio dos meus pais havia o graffiti 'Mário Soares fuzilado já'”

Miguel Morgado é um dos comentadores políticos mais combativos da atualidade e um defensor de Passos Coelho, com quem trabalhou nos anos da troika e com quem teve algumas, mas poucas, “divergências”. Crítico da forma como o PSD geriu o Chega, lembra que avisou no devido tempo que o partido de Ventura era uma "ameaça existencial" - o resultado das eleições deu-lhe razão. Ouça aqui a entrevista com Bernardo Ferrão, no Geração 70

Matilde Fieschi

Nasceu em julho de 1974, em Setúbal, no bairro Salgado, até ir para Lisboa tirar o mestrado. Em casa nunca lhe faltou nada, mas a vida dura dos pais e dos avôs, impuseram uma educação mais rigorosa.

Miguel Morgado conta que o avô alentejano tinha 18 irmãos. Veio para Lisboa com 9 para trabalhar como “moço de recados” numa mercearia. “Era de origens muito humildes”.

Os pais conheceram-se na licenciatura de Farmácia e instalaram-se em Setúbal. Do pai guardou “o amor ao mar”, foi marinheiro e piloto de grandes navios de petróleo, “chegou a naufragar no mar do Norte.” A mãe era técnica de análises clínicas.


Matilde Fieschi

Nasceu no ano do 25 de Abril. Sobre os tempos do PREC diz que eram “bem mais politizados do que os de hoje”. Setúbal era a capital da “revolução vermelha”, “não havia prédio” que não estivesse grafitado com “mensagens extremistas”

“Em frente ao meu prédio estava escrito numa parede: ‘Mário Soares fuzilado já’”, recorda.

Nessa altura não havia extravagâncias: “não havia bananas no supermercado, quanto mais jogos eletrónicos ou ténis nike”. A realidade dos amigos era bem pior, viviam claramente com dificuldades.

Em criança corria a cidade, de noite e de dia, com os amigos e não esquece as “grandes tareias” nem as rixas nos bairros da Bela Vista. Eram os tempos em que se vestiam “todos de preto”, com o cabelo rapado de lado e com um “penacho” em cima.

Viveu em Setúbal até aos 24 anos, mas “escapou” ao dialeto charroco, talvez porque os pais eram os “estrangeiros” da cidade.

"'Choco frrito' era a betada lisboeta a falar de Setúbal, mas no meu tempo até era mais arcaico: era o 'carrapau' e a ‘sarrdinha’".

Licenciou-se em Economia, em Lisboa, mas só chegou à capital durante o mestrado em Ciência Política. Hoje é professor no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa.

Entre 2011 e 2015 foi assessor político de Pedro Passos Coelho, na altura primeiro-ministro. Conheceram-se através de um amigo comum e durante esses anos de “brasa”, da intervenção da troika, ficou nos bastidores do governo.



Miguel Morgado é o primeiro convidado da 2ª temporada do Geração 70. É um dos comentadores políticos mais combativos da atualidade. É assumidamente de direita e só admite misturas nos coktails.


Matilde Fieschi

Nesta conversa conduzida por Bernardo Ferrão, fala sobre a infância e a adolescência. Recorda os tempos do cavaquismo, do crescimento do país e da estagnação dos finais dos anos 90. E reflete sobre os tempos de hoje onde o “populismo de direita” trouxe o tema da imigração para a agenda e cresceu “graças ao silencio dos partidos de centro direita e esquerda”.

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