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Gonçalo Matias: “Estamos a formar bons quadros para empresas estrangeiras. Não podemos censurar os jovens nem quem os recebe”

“Acho que sou um cosmopolita e por isso esta fotografia aos comandos de um avião resume algumas das minhas paixões”. A infância foi privilegiada e com apenas 2 anos, em 1981, já viajava de avião com os pais. Aos 5 anos, já vestia a toga do pai a subia ao sofá para discursar. Sempre teve o dom da oratória. O currículo é vasto e aos 45 anos já trabalhou para dois Presidentes da República. Gonçalo Matias é o novo convidado do Geração 70

Matilde Fieschi

Nasceu e cresceu em Lisboa, em 1979. É filho único, o que tem as suas vantagens e algumas desvantagens. É apaixonado por aviões desde os 4 anos e trouxe para o podcast uma fotografia dele aos “comandos” de um avião, no Museu do Ar, em Alverca.

A família “vivia muito bem” e teve uma infância e adolescência privilegiada, mas os pais sempre fizeram questão de lhe mostrar outras realidades.

A mãe era professora numa escola primária em Marvila, hoje uma zona nobre da cidade, mas na altura com muitos bairros sociais. Em criança acompanhava muitas vezes a mãe no trabalho e confessa que desde cedo entendeu as dificuldades dos outros. “Aquilo não era o meu mundo, mas os meus pais sempre quiseram que conhecesse outras realidades”, confessa.

Matilde Fieschi

O pai ainda é advogado e o filho sempre teve o dom da oratória. Com 5 anos vestia a toga do pai e saltava para cima do sofá para discursar.

Em casa falava-se muito de política e de Direito. A mãe foi sempre mais à esquerda, mas acabou “arrastada” para o centro de direita. “Eu sou essencialmente um moderado, a quem a vida deu a sorte de ter alguma voz”, confessa.

Em criança passava as férias de verão na Guarda. “De manhã acordava e ia buscar os ovos ao galinheiro”, conta. Depois da morte da avó, recuperaram a casa de família e ainda hoje lá vai. Quando fala sobre estes tempos, recorda uma aldeia que há 50 anos já era envelhecida e que hoje está deserta. Os primos saíram de lá cedo e hoje quando regressa só encontra “meia dúzia de idosos”.

Matilde Fieschi

Com 26 anos foi viver para Washington. Para um jovem apaixonado por política aquele foi um ano “extraordinário”, recorda. Ao final do dia vagueava pelos bares perto do Capitólio e juntava-se aos assessores, lobistas e jornalistas. “Ouvi Obama discursar muito antes de ser candidato”, conta.

Aqueles tempos nos EUA, e as visitas seguintes, foram claros para reconhecer que no país há “duas Américas” e que se percebe “muito bem” de onde vem o voto em Donald Trump.

Quando se fala do antigo Presidente dos Estados Unidos é difícil não fazer um paralelo com Portugal e com o discurso de “descontentamento” que agora capitaliza o Chega - mas que considera que, noutros tempos, já foi de outros partidos como do Bloco de Esquerda ou do PCP.


Matilde Fieschi

“Não é a discutir a espuma do dia que vamos chegar a essas pessoas, porque isso não lhes interessa. Quando ouvem um discurso de descontentamento, um discurso de bota-abaixo, um discurso anti-sistema é claro que se reveem. Os partidos do sistema não podem fazer esse discurso, têm de reagir e atacar de frente os problemas que as pessoas têm”, continua.

Feitos 50 anos do 25 de Abril confessa ainda que a sua maior desilusão é a “radicalização” da sociedade.

Matilde Fieschi

Gonçalo Matias é o convidado do novo episódio do Geração 70. É Presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos e antes dos 40 já era diretor da Global School de Direito da Universidade Católica.

O currículo é vasto. Foi secretário de Estado Adjunto e para a Modernização Administrativa e consultor nas presidenciais de Cavaco Silva e agora de Marcelo Rebelo de Sousa. Esta é uma conversa sobre a evolução do país, sobre Direito e política, sobre os jovens de hoje os problemas que se mantêm inalteráveis há 50 anos. Ouça aqui a entrevista.

Geração 70 não é um podcast de política ou de economia, nem de artes ou ciência. É uma conversa solta com os protagonistas de hoje que nasceram na década de 70. A geração que está aos comandos do país ou a caminho. Aqui falamos de expectativas e frustrações. De sonhos concretizados e dos que se perderam. Um retrato na primeira pessoa sobre a indelével passagem do tempo, uma viagem dos anos 70 até aos nossos dias conduzida por Bernardo Ferrão

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