Ser ou Não Ser

“A situação das reformas em Portugal é dramática e requer uma intervenção urgente”

A taxa de poupança dos portugueses é das mais baixas da Europa. A responsável de estratégia, inovação e sustentabilidade do grupo Ageas Portugal, Katrien Buys, defende uma mudança de paradigma no mercado segurador e diz que as empresas devem reinventar-se. Oiça aqui a conversa no podcast Ser Ou Não Ser
Nuno Fox

A indústria de seguros em Portugal enfrenta desafios significativos, mas também apresenta oportunidades promissoras. “A adoção de modelos de negócio mais sustentáveis em conformidade com as diretrizes europeias e leis locais é crucial”, afirma Katrien Buys, responsável de estratégia, inovação e sustentabilidade do grupo segurador Ageas Portugal. Para a gestora, precisamos de uma mudança de paradigma urgente no mercado segurador e em toda a economia. Isso implica não só a redefinição do poder, mas uma compreensão mais profunda da responsabilidade que os líderes empresariais têm, especialmente aqueles que priorizam o lucro.

Katrien Buys destaca para 2024 alguns temas prioritários, nomeadamente a taxa de poupança, que é uma das mais baixas da Europa, o que, juntamente com uma população envelhecida, é, na sua opinião, um cocktail certo para um futuro sombrio para as pensões: “Há décadas que na maioria dos países nórdicos as pensões são incentivadas fiscalmente, permitindo que as pessoas constituam uma poupança para a reforma. A situação em Portugal é dramática e requer uma intervenção urgente”.

Nuno Fox

Outro tema que Katrien considera importante é a proteção das pessoas e bens contra terramotos: “Apenas cerca de 30% dos portugueses tem uma proteção mínima contra terramotos. Portugal já conheceu alguns devastadores e pode sofrer mais no futuro”, afirma a responsável de sustentabilidade do grupo Ageas Portugal, que diz que, tal como se contrata um seguro automóvel, o mesmo deveria ser feito no que respeita aos terramotos, principalmente porque, com as alterações climáticas, eventos catastróficos poderão ocorrer com mais frequência.

Katrien defende também que deveria haver mais inclusão. Com 18% da população a viver abaixo do nível de pobreza e 24% em situação precária, há 42% dos cidadãos que têm dificuldades para chegar ao final do mês e pagar as suas contas, “uma percentagem muito elevada para um país europeu”, lamenta.

A mesma responsável distingue ainda o investimento social de investimento de impacto. Fala também de Inteligência Artificial, da tecnologia no mundo dos seguros, da importância da regulamentação para evitar o greenwashing e a relevância do voluntariado nas empresas. Afinal, todos os trabalhadores, antes de serem profissionais, são pessoas e “a proximidade com a vulnerabilidade social torna-nos cidadãos mais conscientes e gera melhores colaboradores”.

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