Ser ou Não Ser

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Já ouviu falar na Lei do Restauro da Natureza? “É a primeira lei a falar de restauro ecológico. Finalmente a União Europeia percebeu”

O oceano absorve calor e tem travado o aquecimento global, mas tem sido um depósito infinito de lixo e o parente pobre das cimeiras climáticas. Ana Matias, Coordenadora de Clima e Poluição da Sciaena, diz que temos de voltar a ter uma ligação emocional com o mar e está otimista por se ter entendido na União Europeia que já não basta proteger: é preciso restaurar. Oiça aqui a conversa no podcast Ser ou Não Ser

Aprendemos que os grandes pulmões do planeta eram as florestas tropicais, mas os dados mais recentes indicam que 50% do oxigénio é produzido no oceano. Ana Matias, Coordenadora de Clima e Poluição da Sciaena, uma ONG de Conservação Marinha, afirma que sem o oceano a vida não existiria como a conhecemos: “Não só devido ao oxigénio que produz, mas também pelo dióxido de carbono e calor que absorve.” A bióloga lamenta que este seja o nosso depósito infinito de lixo e alerta que, apesar da sua resiliência, os oceanos estão a chegar a um ponto de rutura.

A proposta de Lei do Restauro da Natureza (NRL), que pretende restaurar até 30% dos habitats marinhos degradados da União Europeia até 2030, prometia uma luz ao fundo do túnel, mas está à espera para ser aprovada pelo Conselho Europeu dos Ministros do Ambiente.

“Não sabemos o que vai acontecer com a mudança da presidência. O que sabemos é que tem sido feito um caminho importante. Finalmente a UE compreendeu que não basta proteger, é preciso restaurar. Esta é a primeira lei que fala do restauro ecológico.” As metas são claras: restaurar 30% dos habitats marinhos degradados até 20230, depois 60%, até 2040 e 90%, até 2050.

JOAO CARLOS SANTOS

Uma das preocupações de Ana Matias é a mineração em mar profundo, onde a procura de metais como o cobalto, cobre, níquel, ferro, manganês, entre outros minérios para possibilitar o desenvolvimento de novos equipamentos e tecnologias que sirvam as transições digital e energética, possam provocar danos irreversíveis ao ecossistema.

A especialista em Clima e Poluição adverte para os perigos, caso a mineração avance, que podem impactar por centenas de anos esse ecossistema e alerta serem profundidades abissais onde habitam espécies que não conhecemos, sendo, por isso, necessário dar tempo e dinheiro à ciência para compreender quais as implicações desta exploração, além de que são expedições extremamente dispendiosas e com tecnologia difícil de desenvolver.

A UE estipulou que devemos ter 30% do território — terra e mar, protegido até 2030. “Portugal tem menos de 10% classificado. E classificado não é protegido. Precisamos de monitorização, fiscalização, recursos humanos, financeiros e logísticos.” Este, sim, é um tema que, na sua opinião, tem de ser trabalhado.

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