Ser ou Não Ser

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“Sofro de ansiedade desde miúda e fui diagnosticada não há muito tempo de hiperatividade. Aí percebi-me melhor no mundo do empreendedorismo”

Inês Sequeira, fundadora e diretora da Casa do Impacto, explica o que é isso de sustentabilidade e do impacto e defende que o empreendedorismo não se pode focar apenas em empresas unicórnios. Fala ainda do padrão de problemas de saúde mental que se encontra entre as pessoas que trabalham na área do empreendedorismo, muito ligados a ansiedade, hiperatividade, e dificuldade em encontrar um caminho nos “meios tradicionais”. Oiça o podcast Ser ou Não Ser

A Casa do Impacto nasceu em 2018. É uma iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e tem como finalidade resolver problemas sociais e ambientais. Já apoiou cerca de 400 startups, criou mais de 45 parcerias nacionais e internacionais e investiu 3,5 milhões de euros. Este projeto foi distinguido num ranking elaborado pelo Financial Times, em colaboração com a Statistica, uma empresa de estudos de mercado, que analisou 2000 plataformas para startups na Europa (o Top 10 incluiu duas entidades nacionais, a Startup Braga e a Startup Lisboa). Mas a Casa do Impacto foi a única da lista dedicada ao empreendedorismo de impacto. “Somos uma referência internacional, mas temos de ser mais ambiciosos e fazer com que muitas das soluções já criadas sejam escaladas para outros países”, diz Inês Sequeira, fundadora e diretora da Casa do Impacto.

Inês Sequeira afirma que há mais talento em Portugal… mas há mais dinheiro em Espanha. “Se olharmos para a Ibéria e pensarmos que temos ligação à lusofonia e eles à América Latina, o potencial é enorme”. Por isso, na Casa do Impacto está a trabalhar numa estratégia ibérica. A mentora deste projeto lamenta que o empreendedorismo ainda seja visto a pensar na criação de unicórnios: são importantes, mas na sua opinião os heróis do empreendedorismo são aqueles que estão a tentar tornar o mundo melhor. “Espero que nos próximos anos o empreendedorismo seja todo de impacto. Até porque o paradigma económico e social que temos não está a resultar mais”.

Matilde Fieschi

Para a diretora da Casa do Impacto o empreendedor social é mais resiliente. Muitas vezes é um projeto de vida que nasce para resolver um problema de um familiar, por exemplo. Esta ligação emocional faz com que mesmo com dificuldades as empresas se vão aguentando, ao contrário das tecnológicas, que podem ter um crescimento meteórico e depois ou sobrevivem ou morrem. No empreendedorismo de impacto os negócios tendem a sobreviver mais anos. Segundo Inês Sequeira, é uma espécie de capital paciente. “Os problemas sociais têm uma enorme complexidade e, de facto, é preciso tempo. É também uma forma de estar na vida!”.

No entanto, quem procurar ajuda na Casa do Impacto terá sempre de passar por capacitação, porque para Inês Sequeira o problema da filantropia é que o filantropo não apoia os projetos. “Passa o dinheiro e depois larga o projeto. Não se corresponsabiliza. Nós temos um modelo de corresponsabilização. Para sermos bem-sucedidos, o empreendedor também tem de o ser”. Só financiam o projeto quando os empreendedores atingirem determinados objetivos. “É um programa de pagamento por resultados”, diz. E todos os empreendedores têm de resolver um problema social ou ambiental. O objetivo é criar soluções inovadoras para as questões que a sociedade enfrenta.

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