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Biópsia detetou cancro, mas Amadora-Sintra só informou utente ao fim de dois anos

Depois de ter feito uma biópsia no final de 2020, que detetou cancro, esta utente só foi informada do diagnóstico numa consulta em fevereiro de 2023. A neta apresentou queixa contra o hospital Amadora-Sintra e responsabiliza a instituição "por tudo o que possa acontecer daqui para o futuro".

Biópsia detetou cancro, mas Amadora-Sintra só informou utente ao fim de dois anos
MARIO CRUZ

A neta de uma utente do Amadora-Sintra apresentou queixa contra o hospital depois de uma biópsia mamária realizada em 2020 ter detetado cancro, mas o resultado só lhes ter sido informado em 2023.

O resultado da biópsia mamária realizada em 2020 no Hospital Amadora-Sintra detetou cancro, mas o resultado só foi divulgado à utente a 13 de fevereiro de 2023, "numa consulta com a agora médica de família", lê-se na reclamação apresentada pela neta.

"Reclamo e questiono se o Hospital Amadora-Sintra não deveria ter de imediato, após a confirmação do diagnóstico, ter chamado a utente para o respetivo tratamento. Todos sabemos que estes tipos de doenças podem, quando atempadamente tratados, ser superadas."

Na queixa, a neta da utente responsabiliza o hospital "por tudo o que possa acontecer daqui para o futuro, nomeadamente todos os custos, encargos e o que for necessário" para manter a sua avó "estável, saudável e com todo o conforto".

Hospital fala em situação de extrema carência de médicos

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Em resposta à reclamação, o hospital afirma que a Unidade de Senologia do Serviço de Ginecologia se encontra "numa situação de extrema carência de médicos devido à saída de vários profissionais para outras instituições de saúde ainda sem a devida reposição".

"Tem sido muito difícil dar resposta atempada aos pedidos, não obstante o esforço por parte dos restantes médicos. O hospital tem feito todos os esforços para repor o quadro de médicos do serviço. [...]", afirma na resposta, adiantando que foi marcada uma consulta para 27 de março de 2023, à qual a utente compareceu.

Na sequência das diligências de averiguação encetadas, o regulador apurou que a utente realizou a 29 de setembro de 2020 a primeira consulta da especialidade de ginecologia neste hospital, em que foi prescrito a realização de ecografia mamária, mamografia e biópsia mamária, que foram realizadas a 25 de novembro desse ano.

"Sucede, porém, que não foi efetuada qualquer comunicação à utente do resultado dos referidos MCDT [exames], nem foi agendada nova consulta de ginecologia para apreciação da situação clínica da utente e a definição de plano de cuidados", sublinha a ERS.

Assim, a consulta de avaliação para realização de planos de cuidados de saúde programados foi realizada no dia 27 de março de 2023, mais de dois anos após a realização da primeira consulta da especialidade, "e só ocorreu por força da subscrição da reclamação que esteve na génese dos presentes autos".

Para o regulador, seria exigível que o prestador procedesse, por um lado, ao agendamento da prestação de cuidados de saúde e, por outro, por não dispor de capacidade instalada, informasse a utente "de que lhe é assegurado serviço alternativo de qualidade comparável e no prazo adequado, através da referenciação para outra entidade do SNS ou para uma entidade do setor convencionado", o que o hospital não logrou fazer, em violação da Carta dos Direitos de Acesso aos Cuidados de Saúde pelos Utentes do SNS.

A ERS emitiu uma instrução ao Amadora-Sintra no sentido de garantir que são respeitados em permanência os direitos e interesses legítimos das utentes, nomeadamente os de "acesso aos cuidados adequados e tecnicamente mais corretos, os quais devem ser prestados humanamente, com respeito pela utente, com prontidão e num período de tempo clinicamente aceitável".

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