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Análise

Miranda Sarmento pode ser um "bode expiatório" para Luís Montenegro

João Maria Jonet analisa a atuação do primeiro-ministro e do ministro das Finanças na polémica do IRS e diz que Luís Montenegro está a adotar “o modelo de não falar” seguido por Cavaco Silva. O comentador fala ainda da "inexperiência" de Miranda Sarmento.

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O Governo vai-se reunir esta quarta-feira no Parlamento para um debate de urgência sobre a polémica da descida do IRS. Em entrevista na SIC Notícias, João Maria Jonet diz que “é estranho que isto tenha gerado esta polémica, mas percebe-se porque o Governo se deixou enrolar na narrativa”.

“Eu lembro-me até de um dia estar aqui e se falar do PSD ter prometido um choque fiscal, que é uma expressão que o PSD nunca usou, era uma expressão da Iniciativa Liberal mas que as pessoas acabaram por associar ao PSD e o PSD deixou que se associassem.”

O comentador da SIC refere que existem coisas que dão mais que falar em relação a defraudar as expectativas dos eleitores do que esta, como o facto do “programa do governo não acompanhar o programa eleitoral”.

João Maria Jonet refere ainda a discussão que está a acontecer onde a pergunta que se põe é: “Afinal quem é que teve a medida original, o PS ou o PSD?”

“O PSD de facto fez um plano no Pontal, (…) Joaquim Miranda Sarmento fez uma apresentação do que é que seria o corte de impostos com o PSD, assumindo o PSD que o PS não ia cortar impostos. Se o PS cortou bastante nos impostos, 88% do que aquilo que o PSD queria cortar, a medida é, portanto, do PS.”

O comentador explica também que toda esta situação dá legitimidade à própria oposição quando esta diz que agora se deve desconfiar de todas as medidas que este Governo apresentou e acrescenta que mostra “inexperiência política por parte do ministro das Finanças”.

João Maria Jonet afirma ainda que não percebe porque é que Joaquim Miranda Sarmento é ministro das Finanças e ministro de Estado, uma vez que é uma pessoa “sem o peso político” para isso.

“Ao escolher uma pessoa com uma credibilidade, uma experiência política questionável, para ministro das Finanças, um dos Ministérios mais importantes e depois para ministro de Estado (…) Luís Montenegro está, obviamente, a agarrar-se um bocadinho ao futuro político de Miranda Sarmento de uma maneira que eu honestamente tenho dificuldade em perceber".

Ainda sobre Miranda Sarmento, João Maria Jonet diz que é esquisito que o ministro tenha ido para a reunião em Washington e "não tenha disponibilidade para responder a perguntas" sobre a polémica da descida do IRS "ou para fazer um comunicado”.

Acerca das declarações de Luís Montenegro, que sobre toda esta “trapalhada” a única coisa que disse foi que está apenas concentrado em governar, o comentador da SIC diz que parece que o primeiro-ministro está a adotar “o modelo de não falar” seguido por Cavaco Silva e que está a deixar a responsabilidade nas mãos dos outros.

Acrescenta ainda que é possível que Joaquim Miranda Sarmento “seja um bode expiatório” para Montenegro.

O ministro das Finanças "entra já fragilizado com a questão de ter sido um mau líder parlamentar com má fama junto dos deputados que liderou e que depois, no último ato, comete um dos grandes disparates da gestão parlamentar (…) e chegando frágil, de repente, leva com esta pancada forte da questão do IRS.”

João Maria Jonet termina a dizer que “de repente, passou-se de um programa da AD que ia cortar não sei quantos impostos e IVAS e IMT para jovens, IRS para jovens e de repente passa para” só “retocar o corte de impostos do PS”.

“Criou-se uma expectativa de que a carga fiscal ia descer brutalmente e afinal, desce um bocadinho”, realça o comentador da SIC.

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