Cinquenta anos depois da Revolução, acabou o trabalho infantil, o salário mínimo foi criado, os trabalhadores conquistaram direitos, fazemos parte da Europa unida e o PIB per capita é três vezes superior, mas continuamos a exigir “a paz, o pão, habitação, saúde e educação".
Ao contrário do que sempre faz, Sérgio Godinho começou pela letra quando escreveu a canção "Liberdade", em 1974, inspirado num dos muitos grafitis que havia pelas paredes de Lisboa.
A habitação foi uma das prioridades do 25 Abril: acabar com as casas miseráveis onde viviam tantos portugueses. Os programas de realojamento avançaram a ritmos diferentes, as habitações precárias quase não existem, o problema com a habitação agora é outro.
Depois da Revolução, mesmo antes da criação do Serviço Nacional de Saúde, onde hoje todos são atendidos, os médicos foram para a província e os esgotos e a água corrente melhoraram muito a vida e a saúde dos portugueses. Com a evolução da medicina, vivemos para lá dos 80 anos. Mas uma coisa é viver muito, outra é viver bem.
Na educação, acabou-se o livro único, a escolaridade aumentou, o Ensino Superior não é um exclusivo de classe, o pensamento é livre, o professor continua a ser um mestre, mas está em luta.
A Revolução fez-se para acabar com a opressão e com uma guerra que levava jovens e nos mantinha pobres. Hoje, os jovens sabem o que são ditaduras porque as ditaduras não desapareceram, a guerra está na Europa e discute-se o regresso do serviço militar obrigatório.