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Stonehenge pode ter outro segredo

Projeto que reúne arqueólogos, astrónomos e fotógrafos quer demonstrar que a estrutura de pedras em círculo no Reino Unido também se alinha com o nascer e o pôr da Lua.

Stonehenge pode ter outro segredo
TOBY MELVILLE

Stonehenge é o local onde milhares de pessoas se juntam para observar o alinhamento do Sol: no solstício de verão é celebrado o Sol nascente em alinhamento com a grande pedra Heel, que está fora do círculo, e no solstício de inverno é observado o por do Sol dentro do círculo de pedras.

Mas existe outra hipótese, colocada há 60 anos, para o propósito de Stonehenge - também se alinha com o nascer e o por da Lua na denominada grande paralisação lunar. No entanto ainda ninguém observou e registou de forma sistemática a relação entre Stonehenge e a Lua.

É isso que quer fazer um projeto que reúne arqueólogos, astrónomos e fotógrafos da English Heritage, das universidades de Oxford, Leicester e Bournemouth, bem como da Royal Astronomical Society.

Stonehenge e solstícios

Hoje em dia existem várias provas arqueológicas que indicam que o alinhamento solar fazia parte do projeto arquitetónico de Stonehenge, iniciado por volta de 2.500 a.C..

Provas arqueológicas encontradas nas proximidades de Durrington Walls, o lugar onde os cientistas acreditam que os povos antigos que visitavam Stonehenge ficavam, indicam que, dos dois solstícios anuais, era o solstício de inverno que atraía a maior multidão.

Mas Stonehenge inclui outros elementos, como 56 poços dispostos em círculo, um aterro e uma vala, e outras características menores, como as quatro blocos de arenito, calcário comum em Wiltshire, que foram cuidadosamente colocados para formar um retângulo quase exato que abrange o círculo de pedras.

Apenas duas dessas pedras ainda estão lá e quase passam despercebidas face às grande pedras do círculo. Qual terá sido o seu propósito?

Ligação entra a Lua e o início da construção de Stonehenge

O retângulo que as quatro pequenas pedras formam não é um retângulo qualquer, segundo os investigadores. Os lados mais curtos são paralelos ao eixo principal do círculo de pedras e isto pode ser uma pista quanto à sua finalidade. Os lados mais longos do retângulo contornam a parte externa do círculo de pedras.

Pensa-se que são estes lados mais longos que se alinham com a grande paralisação lunar. Se marcarmos a posição do nascer, ou do por da Lua, ao longo de um mês, nota-se que ela se move entre dois pontos no horizonte. Esses limites sul e norte do nascer (ou por) da Lua mudam num ciclo de 18,6 anos entre um intervalo mínimo e máximo – as paralisações lunares menores e maiores, respetivamente.

A maior ougrande paralisação lunar é um período de cerca de um ano e meio a dois anos, quando o nascer (ou por) da Lua mais a norte e a sul estão mais distantes. Quando isso acontece, a Lua nasce (e põe-se) fora do intervalo do nascer e do por do Sol.

Os arqueólogos pensam que há uma ligação entre a grande paralisação lunar e a primeira fase de construção de Stonehenge (3000-2500 a.C.), antes de as grandes pedras de arenito serem colocadas.

Foram encontrados vários conjuntos de restos humanos cremados nesta fase de construção, na parte sudeste do monumento, na direção do nascer da Lua mais a sul, onde também foram colocados três postes de madeira. É possível que tenha havido uma ligação inicial entre o local de Stonehenge e a Lua, que foi mais tarde acentuada com a construção do retângulo com as quatro pedras mais pequenas.

Mais perguntas do que respostas

A hipótese da ligação entre Stonehenge e a paralisação lunar levanta, no entanto, mais questões do que respostas, dizem os cientistas.

"Não sabemos se os alinhamentos lunares das pedras [pequenas] eram simbólicos ou se as pessoas deveriam observar a Lua através delas. Também não sabemos quais fases da Lua seriam mais interessantes de se testemunhar".


"No nosso trabalho, tentaremos responder às questões levantadas pela hipótese da grande paralisação lunar. Não sabemos se a Lua tem luz suficiente para projetar sombras e como interagem com as outras pedras. Também precisamos de verificar se os alinhamentos ainda podem ser vistos hoje ou se estão bloqueados por árvores, trânsito ou outros elementos".

A Lua vai alinhar-se com o retângulo de pedra duas vezes por mês a partir de fevereiro de 2024 a novembro de 2025, dando assim muitas oportunidades aos investigadores para observarem o fenómeno em diferentes estações e fases da Lua.



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