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Análise

“É evidente que deixa de haver uma relação mais tranquila" entre PS e PSD

Luís Delgado diz que o primeiro-ministro está a deixar para o “ministro das Finanças aquilo que vai ser o embate com os deputados” sobre a redução do IRS. O comentador da SIC afirma ainda que a direita não deve desvalorizar as declarações de Passos Coelho.

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O primeiro-ministro recusou-se a "aprofundar" a proposta em torno do IRS e sublinhou que está empenhado em cumprir o que prometeu. Luís Delgado diz que Luís Montenegro está a deixar para o “ministro das Finanças, aquilo que vai ser o embate com os deputados”.

Os portugueses ficaram com a sensação de que o Governo da AD e o primeiro-ministro não foram claros em relação à redução do IRS e isso provocou desconfiança por parte do eleitorado, dos partidos políticos e dos media.

"O que o primeiro-ministro está a fazer é (…) passar por cima e atirar diretamente as questões para o eleitorado, no sentido de dizer ‘eu estou aqui para cumprir aquilo que prometi aos portugueses e, por isso, desse ponto de vista, prometemos aos portugueses 1.5 mil milhões de euros de redução de IRS'”, afirma o comentador.

Luís Delgado explica que Luís Montenegro vai deixar que o ministro das Finanças explique esta “trapalhada” quando for ao Parlamento.

“O primeiro-ministro está a deixar diretamente, no ministro das Finanças, aquilo que vai ser o embate com os deputados na Assembleia da República e aí o ministro das Finanças tem que estar preparado para de facto responder” e explicar “porque é que que não foi claro no Parlamento e vai ter de perguntar porque é que os partidos não colocaram a questão de uma forma direta."

O comentador da SIC diz que este episódio vai ter consequências negativas na relação entre o PSD e o PS e que isso já é visível na reação de Pedro Nuno Santos que “agora terá sempre um cuidado extremo em tudo aquilo que o Governo” fizer ou disser.

Luís Delgado questiona “como é que o Partido Socialista, durante um debate de dois dias, não teve oportunidade de perceber o que é que estava em causa” até porque o Orçamento que está em vigor é o do PS.

“É evidente que deixa de haver uma relação mais tranquila entre as duas partes e o PS neste momento faz aquilo que sempre prometeu fazer ‘Nós somos os líderes da oposição e vamos fazer essa oposição com um acrescento, tendo em conta a desconfiança que o Governo coloca, ou colocou na principal bandeira da sua campanha’.”

Acrescenta ainda que existe uma tentativa de apropriação, por parte do novo Governo, de uma medida que já existia e que era do PS.

“O que o Governo faz é acrescentar mais de 200 milhões. Acrescenta nos escalões e os escalões intermédios da classe média passam a ser aqueles que beneficiam mais dessa medida, mas a medida (…) original, aquela que empenha tanto dinheiro e ainda bem que o faz, é aquela que vem no orçamento do PS,” refere o comentador da SIC.

Luís Delgado diz que o discurso do ministro das Finanças vai consistir numa narrativa, que “já está a descredibilizar”, onde se vai ouvir que é o novo Governo que está a melhorar e a fazer aumentos.

Direita não deve desvalorizar declarações de Passos Coelho

O comentador analisa ainda as declarações de Pedro Passos Coelho e afirma que a direita não deve desvalorizar o que disse o antigo primeiro-ministro.

“Pedro Passos Coelho foi muito direto naquilo que disse, todos nós percebemos que ele está à procura de um caminho e é importante que a direita perceba qual é o caminho (…) que ele quer percorrer, qual é a abertura que ele tem, qual é o desejo que tem de voltar a desempenhar um cargo público”.

Ao concluir a análise, Luís Delgado, diz que o ex-primeiro-ministro “tem todo o direito de aparecer as vezes que quiser”, mas sendo interventivo como foi convinha “a direita perceber o que é que ele quer ou ele próprio explicar ao que vem e o que é que pretende do seu próprio futuro político”.

Passos Coelho “esteve desaparecido durante uns tempos (…) mas está de volta, está de regresso, e quer desempenhar algum papel”.

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