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Análise

Passos Coelho "estará a pensar na corrida a Belém"

Adriana Cardoso, cronista do Expresso, analisa o facto do primeiro-ministro se ter demarcado na polémica do IRS. Analisa ainda as declarações de Passos Coelho e diz que o ex-primeiro-ministro "deve lealdade ao partido e deve lealdade, especialmente, a Luís Montenegro".

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O primeiro-ministro recusou a "aprofundar" a proposta em torno do IRS e sublinhou que governa para cumprir promessas eleitorais e que não houve falha de comunicação. Adriana Cardoso, afirma que “Luís Montenegro não tem um bom início daquilo que são as suas prioridades políticas”. Em relação a Passos Coelho, a cronista do Expresso defende que “não é descabido pensar” que o ataque a Paulo Portas pode ter a ver com o facto de estar a pensar “na corrida a Belém”.

“Se existia uma perceção pública que era errónea, de acordo com o programa de governo, de acordo com as políticas financeiras e, que o próprio ministro das Finanças acabou depois por vir desmentir, tinham que ter sido desmentidas noutra altura.”

A cronista acrescenta que na altura da discussão do programa de Governo foram feitas várias perguntas onde se deixou claro que “achavam que este tipo de aumento, relativamente àquilo que tinha sido proposto pelo Partido Socialista, era manifestamente insuficiente”.

Refere ainda que Luís Montenegro não tem um bom começo relativamente às suas prioridades políticas, uma vez que, esta questão do alívio fiscal era uma das suas principais bandeiras.

Se os portugueses "vierem a sentir que têm mais rendimento mensal não vão automaticamente atribuí-lo a uma descida de IRS pela parte do PS, vão atribuir ao Governo que neste momento está em funções. Portanto, a perceção daquilo que nós fazemos no comentário e aquilo que é a nossa perceção jornalística e de comentário relativamente ao impacto das medidas do governo é completamente diferente daquilo que é a perceção dos próprios portugueses", explica.

Adriana Cardoso diz que “a peripécia comunicacional do primeiro-ministro não lhe irá cair mal” de acordo com “aquilo que vai ser a resposta dos portugueses” e de acordo com o que vai ser a “baixa de IRS no rendimento líquido mensal”.

Análise às declarações polémicas de Passos Coelho

A cronista do Expresso analisa também as declarações polémicas de Passos Coelho contra o próprio partido e contra o CDS.

“A nossa grande figura sebastiânica da direita devia ter tido esta tentativa de litigar e de voltar atrás naquilo que é a sua visão que os portugueses acabam por ter da governação da troika na altura, por exemplo, de Rui Rio, não é na altura em que temos e pela primeira vez em muitos anos, um governo de direita."

Refere também que Pedro Passos Coelho “deve lealdade ao partido e deve lealdade, especialmente, a Luís Montenegro”.

Adriana Cardoso afirma ainda que ele tem de pensar na imagem que está a passar por ter estado calado durante a Presidência de Rui Rio e ter decidido falar agora.

Acrescenta que “não é descabido pensar” que o ataque a Paulo Portas, uma das figuras melhor posicionadas para se candidatar à presidência da República, é “porque estará a pensar na corrida a Belém”.

A cronista conclui a dizer que não percebe porque é que Passos Coelho decidiu voltar a discutir aquilo que foi uma “altura profundamente traumática”.

“Acho que Pedro Passos Coelho, nesta tentativa de virar costas ao seu passado liberal e de começar a piscar o olho à direita conservadora e direita muito conservadora para poder vir a fazer uma corrida presidencial, está no seu absoluto direito mas, é muito desleal. Não acho que ajude a governação e não ajuda quando estamos na semana a seguir à apresentação do programa de Governo a discutir Pedro Passos Coelho, em vez de estarmos a discutir as medidas do Governo", finaliza.

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