Eleições Legislativas

PS avisa que "não há tudo para todos", CDU lembra "experiência no combate à Direita"

O primeiro debate deste sábado decorreu na SIC, entre o secretário-geral do Partido Socialista e o líder da CDU, com Clara de Sousa como moderadora. Um frente-a-frente com alguns ânimos exaltados, onde em cima da mesa esteve o passado da geringonça, a Justiça, os problemas fundamentais do país, o alerta do PS de que “não há tudo para todos” e as críticas a tudo "o que não foi feito" da CDU.

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Primeiro tema a ser debatido? O caso da Madeira. O sorteio ditou que o arranque fosse dado por Pedro Nuno Santos, do PS, que aproveitou logo para se defender das respostas distintas que tem dado sobre o assunto, descartando quem o acusa de contradição.

“Desde a primeira vez até à última que eu disse que não comento casos concretos, mas não podemos deixar de falar sobre o que pretendemos para o país em todas as áreas”, apontou o líder do Partido Socialista, por isso, “há áreas que se deve procurar consensos alargados para conseguir estabilidade", referindo-se à Justiça.

Questionado sobre se a Justiça está a funcionar, Pedro Nuno não disse nem que sim, nem não. O que é certo é que a “está a fazer o seu trabalho, mas isso não quer dizer que esteja acima do escrutínio público”, respondeu.

Por outro lado, Paulo Raimundo não deixa escapar que o principal problema da Justiça é a falta de confiança nela. É, por isso, necessário “aproximar a Justiça das pessoas” para que seja possível "responder aos despejos injustos e despedimentos fraudulentos".

Em relação ao pacto na Justiça, o líder do CDU explicou que "os dois maiores partidos têm a grande responsabilidade da governação do país" e, por isso, "o problema não é um pacto para a Justiça é o pacto que tem havido” nela.

Entendimentos futuros? "Desejo o melhor, mas..."

“Desejo o melhor para o PCP, BE, Livre, mas quero que os portugueses votem no meu partido”, começou por dizer Pedro Nuno Santos, não poupando os elogios ao PS por ser o que tem “a melhor resposta para resolver os problemas do país”, mesmo “trabalhando com partidos com quem já trabalharam".

"Não posso fazer esses cálculos, vou-me bater pelo melhor resultado possível, venham os votos de onde vierem", afirmou o secretário-geral do Partido Socialista.

Paulo Raimundo não se deixou ficar sublinhando que “se alguém quer uma mudança, mais do que útil é necessário o voto na CDU”.

“Se há alguém com experiência acumulada no combate à Direita é a CDU, voto na CDU é um voto seguro”, vincou ainda.

PS é ameaça ao PCP?

“Não. Longe disso”, respondeu Paulo Raimundo muito rapidamente.

“A CDU tem uma grande coerência na sua ação. A CDU e o PCP são um porto seguro”, disse, referindo ainda que o objetivo principal do partido é resolver problemas fundamentais, como os salários, a saúde, ou a habitação.

“Os factos falam por si. Tivemos dois atos eleitorais, subimos a votação na Madeira e ficam a 85 votos [de eleger] nos Açores. Vamos ver qual vai ser a realidade no dia 10 de março”, disse Raimundo.

No entanto, frisou ainda os “projetos muito diferentes nas questões centrais” que o PS e o CDU se destacam.

“A questão da forma não é a determinante. O Pedro Nuno Santos ontem falou de privatizações, o que está feito para trás está feito, mas o que se vai fazer relativamente à ANA?”, perguntou o líder do CDU.

“Não podemos fazer uma chuva de promessas”

O PCP quer um “aumento geral dos salários”, cujo terá um custo que ronda os três mil milhões de euros, um aumento de 7,5% pensões que custa dois mil milhões, quer realocar 1% do PIB para habitação, um custo de 2,6 mil milhões de euros”, começou por dizer o socialista.

Mas apesar de serem promessas que soam bem aos ouvidos, Pedro Nuno frisou:

“Só aqui, em três medidas, estão 7,6 mil milhões de euros. O problema é que temos de dar resposta com a capacidade económica e financeira que o país tem. Vamos fazê-la com a intensidade possível".

Pedro Nuno Santos quis mostrar-se com os pés bem assentes na Terra e, por isso, deixou o recado:

"Não podemos fazer uma chuva de promessas que não são realizáveis. Não há tudo para todos".

Paulo Raimundo atirou: “Quando nós não temos vontade para as medidas, a primeira coisa que se pergunta é quanto custa”.

As balas de prata

O socialista disse que os políticos precisam de perceber que não há balas de prata e de fazer promessas que “não são pagáveis”, esse não é o melhor caminho.

“Não há balas de prata e o problema do SNS é sério, de difícil resolução, não passa só por salários. Aí acompanhamos o PCP no trabalho que é preciso fazer com médicos, enfermeiros, mas temos de intervir na organização e gestão do SNS. Devemos dar mais autonomia à gestão dos nossos hospitais”, defendeu Pedro Nuno Santos.

Paulo Raimundo respondeu: “A questão é porque é que isso não foi feito?”, trazendo para o debate a banca, e recuperando o tema dos salários.

"Temos três milhões de portugueses que ganham até mil euros de salário bruto por mês, isto é mais de metade da mão de obra, este é o problema para resolver agora".

Guerra a terminar o debate

Para pôr o ponto final no frente-a-frente, as questões internacionais vieram à tona. Para Paulo Raimundo “o caminho da paz não é compatível com uma corrida ao armamento”.

“A guerra tem de ser travada, e qual é o caminho? É atiçar ou acabar com eles? Em vez de investirmos mais dinheiro em armas, devíamos sentar os protagonistas à mesma mesa", defendeu.

Já sobre Alexei Navalny, opositor russo de Putin que morreu esta sexta-feira, Paulo Raimundo mencionou o que diz ser “um princípio de fundo”.

“Todos os cidadãos têm de ter garantidos os seus direitos”, admitindo que “morreu em circunstâncias que levantam dúvidas e é preciso esclarecer tudo”.

Por fim, Pedro Nuno Santos resumiu o que ambos querem: paz.

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