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Cavalos-marinhos no Tejo: conquistar o coração das pessoas para conservar o que está debaixo de água

A existência de cavalos-marinhos no rio Tejo é uma realidade até há pouco tempo desconhecida. O projeto Tagus Seahorses quer saber quantos são, quais as ameaças que sofrem e como protegê-los.

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O misterioso mundo submarino ganha luz com o projeto Tagus Seahorses, que revelou a presença surpreendente de cavalos-marinhos no rio Tejo. Com o apoio da plataforma SeaTheFuture, este projeto, liderado pelo biólogo Gonçalo Silva, mergulha nas águas do Tejo para estudar e proteger estas fascinantes criaturas marinhas.

A descoberta de cavalos-marinhos na Trafaria relatada pela primeira vez em 2019/2020, desencadeou uma investigação sobre a densidade populacional e a distribuição deste pequeno animal marinho. Agora, o projeto quer expandir horizontes, explorando o estuário do Tejo em busca de mais comunidades.

"Cavalos-marinhos no Tejo, os locais já se conhecem há muitos anos, há gerações. Mas para a ciência é relativamente recente, cerca de 2019/2020 nós tivemos essa informação a partir das comunidades locais e começámos a ir mergulhar para perceber o que é que realmente tínhamos ali. Até ao ano passado que fizemos um trabalho e conseguimos de facto avaliar cientificamente qual é que era a densidade da população. E a abundância que encontrámos ali, de facto, revelou-se um sítio especial, mesmo ao nível da sua distribuição global", explica Gonçalo Silva, biólogo investigador no MARE-Ispa.

O trabalho foi feito ao longo de toda a costa de de Almada, foram encontrando cavalos-marinhos e marinhas ao longo dessa frente ribeirinha do Tejo, mas apenas na Trafaria é que "encontrámos características especiais".

São duas espécies de cavalos marinhos, (o cavalo-marinho comum, Hippocampus hippocampus, e cavalo-marinho-de-focinho-comprido, Hippocampus guttulatus), que coabitam no mesmo espaço e a distribuição é vasta - desde a da Noruega até ao Norte de África, também no Mediterrâneo.

"Aqui na Trafaria encontrámos uma comunidade muito impactada pela ação do Homem, sobretudo o lixo marinho (...). Num plano a médio-longo prazo, pretendemos ter ações de conservação de forma a mitigar todas estas ameaças, sobretudo ligando as populações locais porque são as populações locais que irão proteger aquilo que é seu e sem elas não é possível proteger a biodiversidade marinha".

No entanto, a jornada não é fácil. Gonçalo Silva destaca os desafios que é necessário enfrentar ao trabalhar no ambiente submarino, onde a visibilidade é limitada e as condições são adversas. Já para não falar da necessidade de financiamento.

Com o compromisso da SeaTheFuture em apoiar projetos de conservação comprovados, a colaboração entre o Projeto Tagus Seahorses e a plataforma promete impulsionar esforços para proteger não apenas os cavalos-marinhos, mas todo o ecossistema marinho do Estuário do Tejo.

A importância de contar histórias que inspiram

Assunção Loureiro, fundadora da SeaTheFuture, destaca a importância de projetos como o Tagus Seahorses na sensibilização e ação pela preservação marinha.

"Eu acho que a história dos cavalos marinhos aqui na Trafaria e eventualmente ao longo do Tejo, é também uma história de esperança. Num ambiente tão degradado às portas de uma grande cidade, acho que isto também nos transmite aqui uma capacidade de resiliência de algumas espécies que podem inspirar".

A plataforma apoia financeiramente projetos com impacto comprovado e trabalha em estreita colaboração com as comunidades locais para garantir a sustentabilidade das ações de conservação. A necessidade de conhecimento e ação tornam-se evidentes, pois a falta de informação sobre essas espécies e o seu habitat representa um desafio para a conservação marinha.

"Neste caso nós vamos apoiar, vamos tentar fazer a angariação dos fundos para patrocinar vários mergulhos ao longo do estuário do Tejo, precisamente para fazer estes tais censos e perceber se há mais indivíduos, se há comunidades, quais são as características dessas comunidades para conseguirmos depois, então, desenhar eventualmente um plano para a sua proteção".

Através da angariação de fundos e do envolvimento da comunidade, o projeto Tagus Seahorses pretende continuar a sua missão de proteger os cavalos-marinhos e o meio marinho onde habitam. A colaboração entre cientistas, organizações e o público em geral é essencial para garantir um futuro sustentável para essas espécies e para o oceano como um todo.

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