Além Fronteiras

Nandinho: “Quando quis receber, a tinta tinha desaparecido" do contrato assinado com Vale e Azevedo

Passou pelo Benfica como jogador e atualmente vive no Bahrain onde é treinador. Dos tempos no clube da Luz conta algumas histórias. Recorda quando serviu para pagar uma dívida ao Vitória de Guimarães, mas nunca recebeu o salário do Benfica e ainda grande o mistério à volta de um contrato que assinou com Vale e Azevedo.

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Vamos “Além Fronteiras”, até ao Bahrain, ao encontro de um amigo do futebol. Nandinho, o português que treina atualmente o Al-Ahli. Para o técnico, tem sido uma experiência muito positiva, com todas as adaptações que são necessárias à cultura.

Fernando Manuel de Jesus Santos, mais conhecido por Nandinho, foi um dos primeiros jogadores de Jorge Mendes, o empresário do futebol que viria a tornar-se “no melhor agente do mundo”. Passou pelo Benfica e, quando acabou a carreira de jogador, pensou que rumo queria dar à vida e decidiu ir para a Faculdade. Licenciou-se em Desporto.

Depois, recebeu o convite do amigo Joaquim Evangelista para treinar o Sindicato dos Jogadores na zona norte e foi a primeira experiência como treinador. Mais tarde acabou por ter uma proposta do Gil Vicente para treinar os juniores e assim arranca a carreira. Passou pelo Almeria de Espanha, ainda regressou a Portugal, mas acabou por ir além fronteiras.

“Quando chegámos tínhamos cerca de 100 adeptos a assistir aos jogos”

Nadinho explica que no Bahrain existem dois clubes históricos: o Muharraq, o clube do rei, e o Al-Ahli, que dizem que é o clube do povo. O Al-Ahli já não vence há cerca de 13 anos porque a hegemonia do futebol passa pelo Muharraq, que tem outras condições financeiras, e pelo Riffa. Mas o atual campeão é o Al-Khaldiya SC, um clube criado pelo filho do rei que tem apenas três anos.

“Este ano o Al-Ahli intrometeu-se um bocadinho na luta e os adeptos já começaram a ir aos nossos jogos. Quando chegámos tínhamos cerca de 100 adeptos a assistir aos jogos, agora temos cerca de um milhar”.

“Quando o quis receber a tinta tinha desaparecido do contrato”

Do tempo em que esteve no Benfica, na altura de Vale e Azevedo, guarda algumas histórias do antigo presidente do clube da Luz. Como quando foi emprestado ao Vitória de Guimarães para pagar uma dívida que o Benfica tinha e ficou combinado que os dois clubes dividiam o salário.

“Eu nunca recebi nem um euro da metade do Benfica. Só recebia a metade do Vitória. Não cheguei a ir para tribunal porque o Filipe Vieira entrou no Benfica e pagou o que estava para trás”.

Nandinho também recorda o mistério à volta de um contrato que tinha assinado com João Vale e Azevedo.

“Eu tinha um prémio de assinatura que estava no contrato que ele rasurou com uma caneta e nunca recebi esse prémio. Quando o quis receber a tinta tinha desaparecido do contrato. Não sei como é que ele fez aquilo. Já não estava lá e eu tinha a certeza que estava no contrato”.

Mas há mais histórias. Como a que aconteceu durante um estágio do Benfica na Áustria quando os jogadores foram dar uma volta à cidade e chegaram tarde.

“Quando chegámos à noite eu não consegui entrar no meu quarto porque tinha um armário enorme e antigo a tapar a porta do meu quarto”.

O mesmo aconteceu com outros jogadores, houve até quem tenha ficado sem o colchão.

“O gasóleo e a gasolina são muito baratos. Com 13 euros encho o depósito”

Nandinho explica que o Bahrain é um país do Médio Oriente diferente dos restantes, que são muito fechados. “É o mais ocidental de todos. Tem cerca de um milhão e meio de habitantes e apenas metade são nativos”.

No Norte está quase toda a população e no sul, uma zona mais árida, existem algumas vilas artificiais, é onde também há muita extração de petróleo, conta.

“É um paraíso. Está sempre bom tempo, o trânsito é um caos porque toda a gente tem carro. O gasóleo e a gasolina são muito baratos. Com 13 euros encho o depósito”.

Pão português e o famoso pastel de nata

Também no Bahrain existe uma comunidade portuguesa. Para matar saudades e para falar português, o ponto de encontro dá-se na “Tuga”, uma confeitaria onde não falta o pão português e o famoso pastel de nata.


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