Além Fronteiras

Gonçalo Paciência: "Um dia dois polícias bateram-me à porta de arma em punho"

Adora a Alemanha e a cultura do futebol no país, onde é normal haver cervejas no balneário no fim do jogo. Diz que só lhe falta o sol de Portugal. No país das salsichas já apanhou alguns sustos e o “chef”, como é conhecido pelos companheiros, conta algumas dessas histórias.

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Esta semana damos um salto até à Alemanha ao encontro de Gonçalo Paciência, o jogador português ao serviço do VfL Bochum.

Gonçalo tinha o sonho de jogar na liga espanhola e até teve vários convites mas os negócios nunca se concretizaram. Ainda esteve no Celta de Vigo, mas a experiência não correu bem. “Não me senti bem no clube nem na cidade”, conta ao Além Fronteiras da SIC Notícias.

Decidiu então regressar ao país onde já tinha sido feliz para relançar a carreira. Na Alemanha diz que se sente familiarizado. “É um país que eu gosto muito, sinto-me em casa”.

Em Portugal é impossível acabar um jogo e ter cervejas no balneário

Também a política do futebol agrada ao jogador português. “Na Alemanha há uma forte ligação entre os clubes e os seus adeptos e o Bochum é um desses casos, tem uma massa de adeptos muito forte”.

Explica que o futebol é muito mais descontraído na Alemanha. “Em Portugal é impossível acabar um jogo e ter cervejas no balneário e os jogadores antes do jogo beberem uma cerveja, é a cultura deles”.

“Só nos falta o sol de Portugal”

O regresso ao futebol alemão trouxe alguma estabilidade pessoal e familiar, pois a mulher também gosta de viver no país. O casal atravessa um momento muito especial, com o nascimento da primeira filha previsto para este ano.

Completamente rendido, diz mesmo que toda a gente devia passar pela experiência de viver na Alemanha. “Eles têm tudo. Estão preparados para o frio e o calor, têm uma dinâmica especial. Só nos falta o sol de Portugal”.

Já dá uns toques na língua alemã, apesar de confessar que continua a dizer mal o nome das ruas, mas garante que as pessoas o entendem.

“Sou um bom chef, cozinho muito bem”

Gonçalo Paciência recomenda alguns pratos da gastronomia alemã, mas o que gosta mesmo é de ser ele a meter a mão na massa. Habituou-se a ligar à mãe para pedir ajuda quando foi para a Alemanha e não mais parou. “Sou um bom chef, cozinho muito bem”.

A sua especialidade é arroz de pato e os companheiros adoram. No clube já lhe chamam o chef. “Estou sempre a cozinhar”, confessa.

O dia em que a polícia lhe bateu à porta

Também já tem no currículo alguns sustos desde que chegou ao país da cerveja e das salsichas. “Quando cheguei à Alemanha a minha mãe veio visitar-me e um dia tocaram-me à porta com muita força. Quando vou à porta vejo dois polícias, com dois metros, com armas. A minha mãe ficou em pânico e perguntou-me: "o que fizeste?”

Gonçalo Paciência conta que a primeira reação foi mostrar o cartão do parque do Frankfurt e dizer (em inglês porque ainda não falava alemão) que era jogador de futebol. Percebeu mais tarde que o senhorio estava a ser investigado por fraude fiscal.

A história do Smart laranja

Paciência recorda ainda uma época em que os adeptos estavam zangados com os jogadores e começaram a fazer ameaças. Desconfiou que a coisa acabaria mal e estava certo. Os carros dos companheiros foram vandalizados. No fim todos perguntaram de quem era o Smart laranja que passou ao lado da fúria.

Mas há mais histórias. Há também o dia em que um treinador não o conheceu porque tinha cortado o cabelo e perguntou “que é este jogador”?


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