Além Fronteiras

O guarda-redes casou no dia de um jogo decisivo, foi campeão e recebeu um envelope cheio de notas… que voaram

As aventuras de um português num país onde a paixão pelo futebol é muito grande, mas onde nem sempre é o treinador que define a equipa que sobe ao relvado. Tudo depende dos dias da sorte. Mauro Jerónimo foi desviado para o Vietname por um ano, já lá está há 5 e tem muito para contar.

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O português estava a trabalhar na China quando foi “desviado” por Philippe Troussier, o atual selecionador do Vietname. Em 2018, chegou como treinador dos sub-19, com contrato por um ano, entretanto já passaram cinco.

Neste momento é treinador principal do VPF da segunda liga do Vietname. Conta que o clube foi construído há 14 anos pela mão da pessoa mais rica do país.

“Construíram umas infraestruturas ao nível do top mundial, apostando no desenvolvimento de jovens, para que a seleção passe a ter mais jogadores de qualidade. O sonho deles é chegar ao Mundial”.

Outro português já tinha feito história no clube. Henrique Calisto foi o treinador estrangeiro que mais impacto teve no Vietname. “Deixou uma marca, quando as pessoas falam dele é com muito respeito”, explica ao Além Fronteiras.

Campeonato jogado com 40 ou 45 graus

Mauro Jerónimo explica que no Vietname há uma paixão muito grande pelo futebol. Há uma cultura do futebol muito grande. Sente-se o futebol de raiz.

“Há jogadores com muita qualidade técnica e com bastante talento que jogam em condições extremas, no verão com 40 e 45 graus. Grande parte do campeonato é jogado debaixo de 40 ou 45 graus”.

Quanto ao país, o treinador português considera que “é maravilhoso, as pessoas são espectaculares, super simpáticas, é um povo muito alegre”. Além disso, acrescenta que tem regiões lindíssimas para se visitar, com paisagens paradisíacas.

“Se soubesse se calhar não comia”

A gastronomia também agrada, “é saudável, muito à base de legumes, frutas e marisco”, mas há refeições em que o melhor é não saber o que se está a comer.

Mauro Jerónimo relembra que já foi apanhado numa refeição de cobra. “É bom, não sabe a carne, tem um sabor parecido ao marisco”. Comeu sem saber o que era. “Se soubesse se calhar não comia”.

Os seus jogadores ainda tentaram levá-lo a um restaurante de comida de cão. Dessa vez, o instinto levou-o a ir embora.

Qual é o melhor dia para casar?

Uma das histórias que mais marcou a passagem do português pelo Vietname envolve o casamento do guarda-redes principal da equipa.

“O meu guarda-redes disse-me que tinha que casar no dia de um jogo e eu fiquei espantado. Sabes que há um calendário e vais marcar o casamento no dia do jogo e ainda por cima no final da época, quando estamos na luta para sermos campeões. Ele disse-me que era impossível mudar o casamento porque a família escolheu a data porque era o dia da sorte e que não dava para mudar de maneira nenhuma. Não se importava de pagar multa”.

O encontro realizou-se com o segundo guarda-redes na baliza, que tinha zero minutos jogados durante a época. Defendeu um pénalti, ganharam o jogo e foram campeões.

O envelope cheio de notas… que voaram

“Quando estávamos a festejar a conquista do título de campeões, “o big boss” põe-me um envelope na mão em frente a toda a gente com montes de dinheiro e as notas começaram a cair. Nós aos saltos e as notas a cair”.

A pergunta que se impõe é: sobrou alguma nota?


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