A Gare do Oriente, em Lisboa, tem albergado, nos últimos anos, cada vez mais pessoas em situação de sem-abrigo. Vitória Portugal, de 60 anos, é uma delas. É lá que vive desde 14 de dezembro, depois de deixar um quarto em Mafra.
“Vou lanchar quando tenho dinheiro, vêm aqui instituições dar-me roupa…”, conta à SIC.
A higiene é feita nas casas de banho da Gare do Oriente ou nas instituições de apoio.
“Lavo-me com uma toalha ou roupa, lavo-me mais ou menos. Outras vezes quando posso, não se paga, vou aos Anjos e tem [um local] para as pessoas tomarem banho.”
Ana, de 58 anos, chegou do Brasil há cinco meses. Sozinha e sem trabalho, recebe ajuda com a entrega de duas refeições diárias, mas está a ter dificuldades em encontrar um local onde possa fazer a sua higiene.
“Não estou a conseguir aceder a casas de banho para tomar banho porque não tenho como pagar”, explica à SIC.
Na Gare do Oriente vivem pessoas de várias nacionalidades. Bruno, de 26 anos, é cabo-verdiano. Chegou a Portugal há mais de um ano, já trabalhou, mas agora não consegue encontrar emprego.
“Sem documentos é mais difícil”, diz.
Bruno não quer ser identificado por causa da família. Uma das soluções é voltar para Cabo Verde, país do qual decidiu sair para procurar uma vida melhor.