Não há memória de tantas pessoas a partilharem casas. Os baixos salários associados à inflação, à subida das rendas e ao aumento das taxas de juro, resultam numa mistura explosiva que alterou a forma de vida em Portugal.
Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) dão conta de que não são os estrangeiros que estão a contribuir para esta realidade.
Uma em cada cinco famílias portuguesas vive numa casa sem divisões suficientes. Mais de 12% da população vive em casas sobrelotadas, dos quais 21% são jovens. Mas um número significativo, cerca de 14%, tem idade adulta.
Tiago Monteiro é jornalista estagiário partilha casa com mais cinco pessoas. Todos têm vidas diferentes, uns trabalham outros estudam, mas têm algo em comum: o orçamento que não permite ao nenhum dos cinco suportar sozinho os custos de uma casa.
O exemplo de Tiago é apenas um. Estágios não remunerados, empregos mal pagos, rendas elevadas, aproximadamente 28% dos portugueses correm risco de pobreza.
Outro dado significativo e alarmente é o facto de 21% das pessoas que vivem em casas sobrelotadas terem filhos.
Números que fazem pensar num país, onde a maioria vive com salários que não permitem ter uma casa adequada às necessidades.