Curiosidades da Ciência

Porque o mar é salgado e não doce?

A resposta tem mais de 4 mil milhões de anos e muitos ingredientes. Descubra o segredo salgado: a química por trás da origem do sal dos oceanos.

Há cerca de 4 mil milhões de anos, a Terra era coberta por vulcões que libertavam vapor de água e gases, incluindo cloro e enxofre, para a atmosfera primitiva. Com o tempo, os oceanos formaram-se em parte por condensação do vapor de água gerado na formação do planeta. Os gases dissolveram-se nos oceanos na forma de sulfato de enxofre e cloreto de sódio.
Há cerca de 4 mil milhões de anos, a Terra era coberta por vulcões que libertavam vapor de água e gases, incluindo cloro e enxofre, para a atmosfera primitiva. Com o tempo, os oceanos formaram-se em parte por condensação do vapor de água gerado na formação do planeta. Os gases dissolveram-se nos oceanos na forma de sulfato de enxofre e cloreto de sódio.
Inês M. Borges

O mar é salgado e não doce devido à formação inicial da Terra e aos processos químicos e geológicos que ocorreram ao longo de milhares de milhões de anos.

Há cerca de 4 mil milhões de anos, a Terra era coberta por vulcões que libertavam vapor de água e gases, incluindo cloro e enxofre, para a atmosfera primitiva. Com o tempo, os oceanos formaram-se em parte por condensação do vapor de água gerado na formação do planeta. Os gases dissolveram-se nos oceanos na forma de sulfato de enxofre e cloreto de sódio.

O cloreto de sódio, também conhecido como sal de cozinha, é o sal predominante na água do mar, representando cerca de 78% dos sais dissolvidos. Os outros 22% são compostos por iões de sódio, cálcio, potássio e magnésio, que foram transportados ao longo dos tempos para os oceanos através da erosão das rochas continentais, pelas chuvas e águas de escoamento dos rios.

E este é todo um processo contínuo, initerrupto. Estima-se que 2 mil milhões de toneladas de iões sejam transportados anualmente por rios para os mares e oceanos.

  • Existem cerca de 49 milhões de milhares de toneladas de sal dissolvido nos mares (49 seguido de 18 zeros), equivalente a uma camada global de 45 metros de espessura.
  • Em média, um litro de água do oceano tem 34,7 gramas de sal, o equivalente a 6 colheres de café.

Um equilíbrio perfeito

Essa contribuição contínua de iões para o mar levanta a questão de como a salinidade dos mares se mantém relativamente constante ao longo de centenas de milhões de anos.

A resposta reside no equilíbrio entre os aportes e as perdas de sais.

Por exemplo, o potássio é absorvido pelas argilas no fundo dos oceanos, o cálcio é utilizado por organismos marinhos antes de formar sedimentos calcários e o magnésio e o sódio são retidos nas dorsais oceânicas.

Essa água salgada penetra continuamente no solo oceânico antes de ser expelida pelas chaminés hidrotermais. Ao entrar em contacto com a litosfera quente (a crosta terrestre e uma parte do manto superior), essa água cede os seus iões de magnésio e sódio às rochas oceânicas basálticas, como a olivina e o piroxénio. Esse processo cria um ciclo equilibrado, garantindo que a salinidade dos mares seja mantida ao longo do tempo.

Assim, a combinação dos diferentes sais dissolvidos, provenientes da formação inicial da Terra e das contribuições contínuas das atividades geológicas, é o que torna o mar salgado e não doce.

Sal, mas qual sal?

Quimicamente, existem muitos tipos de sal.

O sal resulta da reunião de átomos em estado ionizado. Ou seja, eles perderam ou ganharam um ou mais eletrões. Átomos que podem ser cloreto (Cl−), sulfato (SO42-), sódio (Na+), potássio (K+), cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+).

No mar, predomina o cloreto de sódio (NaCl) - cerca de 78%. Esse sal, ou mais exatamente esses iões, surgiram durante as primeiras "horas" da vida na Terra.

Cada oceano tem sua própria composição

A água do Oceano Atlântico é mais salgada e, portanto, mais densa do que a do Pacífico, que recebe mais chuvas.

Nos pontos do globo onde se encontram, nota-se uma diferença de cor. Apesar de se misturarem as águas, essa mistura é lenta e é por isso que se vê uma linha a separar os oceanos e um lado, a água pode ser mais salgada, mais limpa ou mais fria.

“É como imaginar ver uma espiral de natas a dissolver-se no café: os líquidos misturam-se, mas lentamente”, explica o oceanógrafo chileno Nadine Ramirez.

As tempestades e as ondas são como a colher a mexer vigorosamente dentro da chávena.

O ponto onde se encontram os oceanos Atlântico e Pacífico no canal Beagle, Terra do Fogo, Chile. Notam-se diferenças de cor.
DEA / GIANNI OLIVA

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