Saúde e Bem-estar

Estudo avalia a controversa relação entre gatos e esquizofrenia

Cientistas australianos fizeram uma revisão e análise completa de todas as pesquisas sobre gatos e esquizofrenia. O tema tem sido alvo de diversas investigações ao longo das últimas décadas e muito continua ainda por explicar.

Estudo avalia a controversa relação entre gatos e esquizofrenia
Kryssia Campos

Um estudo recente avalia as possibilidades de uma pessoa que tenha um gato possa vir a desenvolver distúrbios relacionados com esquizofrenia. A questão tem sido alvo de diversas pesquisas ao longo das últimas décadas e muito continua ainda por explicar.

O estudo mais recente, conduzido por investigadores do Centro de Pesquisa em Saúde Metal de Queensland, na Austrália, teve por base a análise de 17 estudos publicados durante os últimos 44 anos, de 11 países diferentes e encontrou ligações entre possuir um gato e desenvolver distúrbios relacionados com a esquizofrenia.

"Encontrámos uma associação entre ter gatos e o aumento das possibilidades de desenvolver distúrbios relacionados com a esquizofrenia", explicaram os cientistas do Centro de Pesquisa em Saúde Mental de Queensland.

Esta associação foi inicialmente proposta num estudo de 1995, com a exposição a um parasita chamado Toxoplasma gondii sugerida como causa, mas a pesquisa até agora não chegou a uma conclusão definitiva.

O T. gondii, é um parasita transmitido através de carne mal cozida, água contaminada ou contacto com gatos infetados que pode infiltrar-se no sistema nervoso central humano e influenciar potencialmente os neurotransmissores, o que pode levar a alterações de personalidade, ao surgimento de sintomas psicóticos e a alguns distúrbios neurológicos, incluindo a esquizofrenia.

O estudo indica que indivíduos expostos a gatos têm realmente aproximadamente o dobro das probabilidades de desenvolver esquizofrenia, refere o Science Alert, contudo os investigadores reconhecem a necessidade de uma pesquisa melhor e mais abrangente para fazer interpretações mais firmes.

“Há necessidade de mais estudos de alta qualidade, baseados em amostras grandes e representativas, para melhor compreender a posse de gatos como um candidato a fator modificador de risco para transtornos mentais”, garantem.

Crítica e avaliação do pressuposto

Alguns especialistas sublinham que a relação entre gatos e esquizofrenia apresentada neste estudo parte do pressuposto que todos os felinos são portadores de toxoplasmose, o que na realidade não acontece. O período de transmissão em portadores da doença é curto e será preciso que a pessoa contacte diretamente com as fezes do animal.

A ideia de que os gatos poderiam causar esquizofrenia vem, assim, da relação desses animais com toxoplasmose, causada pelo parasita que se reproduz no trato intestinal dos gatos e depois por meio das suas fezes pode contaminar o ambiente.

A simples convivência com o animal não implica contaminação da doença se forem garantidas precauções com a alimentação e tratamento dos gatos, nomeadamente na mudança da areia.

O cuidado com este animais, incluindo a prevenção de parasitas como o T. gondii, é uma responsabilidade que sendo garantida pelos donos e profissionais de saúde assegura a proteção de todos os que têm contacto com os felinos.

Um estudo britânico publicado em 2017, que acompanhou quase 5 mil pessoas nascidas em 1991 e 1992 que até aos 18 anos, não encontrou nenhuma evidência de associação entre posse de gatos e sintomas psicóticos.

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