Vírus mpox

Perguntas e respostas sobre a varíola dos macacos

Pela primeira vez em Portugal foram identificados casos de varíola dos macacos. Reunimos um conjunto de perguntas e respostas que podem ajudar a compreender o que é, como se transmite e quais são os sintomas.

Perguntas e respostas sobre a varíola dos macacos

Foram confirmados em Portugal, pela primeira vez, casos de varíola dos macacos. Até ao momento “são situações do ponto de vista clínico muito ligeiras e benignas”, embora ainda se esteja a acompanhar a evolução.

O vírus da varíola dos macacos é semelhante ao da varíola, erradicada em 1980, e geralmente é transmitido pelo toque ou mordida de animais selvagens infetados, como ratos ou esquilos na África Ocidental e Central.

Os casos em Portugal foram reportados na região de Lisboa e Vale do Tejo e os suspeitos, até agora, concentram-se na mesma zona.

Margarida Tavares, médica infecciologista, líder da Estratégia Nacional de Controlo das Infeções Sexualmente Transmissíveis e da Infeção pelo VIH e também porta-voz da “célula” criada pela DGS para acompanhamento dos casos de infeção por vírus Monkeypox, prestou esta quarta-feira alguns esclarecimentos relacionadas com esta doença.

Reunimos nove perguntas e respostas que podem ajudar a compreender como se transmite, quais os sintomas e o tempo de recuperação.

Como se transmite?

A varíola dos macacos é transmitida através do contacto com animais ou por contacto próximo com pessoas infetadas ou materiais contaminados. Trata-se de uma doença rara e que não se dissemina facilmente entre humanos.

A maior forma de contágio é o contacto com as lesões cutâneas, explica a médica infecciologista, e por isso, estas, devem estar protegidas.

Margarida Tavares afirma que a via de transmissão sexual “não está descrita classicamente”, mas como a doença se “transmite por contacto próximo, íntimo e prolongado”, a transmissão por via sexual é “plausível”.

Também é possível transmissão por contacto com objetos “muito contaminados com o vírus”, por exemplo roupas de cama, banho ou mesmo as próprias roupas.

A varíola dos macacos partilha ainda algumas formas de contágio com as infeções respiratórias, estando também descrita a possibilidade de transmissão aérea, sobretudo por gotículas grandes.

Quais são os sintomas?

A doença caracteriza-se pelo surgimento de lesões cutâneas, desde “pequenas manchas” até “lesões com conteúdo líquido”. Também podem surgir sintomas sistémicos, como febre, arrepios, dores de cabeça, musculares ou cansaço.

Na maioria das circunstâncias é “uma situação autolimitada e benigna”.

O que fazer em caso de suspeita?

Estar atento aos sinais e aos sintomas é o principal conselho da médica infecciologista. E em caso de suspeita recorrer aos serviços de saúde.

E se o caso se confirmar?

Os casos confirmados são aconselhados a não contactar de forma próxima com outras pessoas.

Margarida Tavares alerta que a maior forma de contágio é o contacto com as lesões cutâneas e por isso, estas, devem estar protegidas. Ainda assim existem outras formas de contágio, pelo que se devem reforçar os cuidados.

Quanto tempo pode levar a recuperação?

A cura e o fim de período de contágio vai de duas a quatro semanas.

Nas formas habituais, o fim do período de contagiosidade “ocorre com a cura completa das lesões”, ou seja “quando as crostas que se formaram caem”, explica a médica. Ainda assim, a doença não requer um tratamento específico.

“Classicamente é assim designada, nesta situação, que é nova, temos de acompanhar.”

Existe uma faixa etária mais suscetível?

A faixa etária mais afetada até ao momento, em Portugal, varia entre os 20 e os 40 anos, de grosso modo, mas a médica considera que a população é suscetível de forma idêntica, ainda que quem foi vacinado contra a varíola (até 1973) pode ter alguma proteção cruzada.

A suscetibilidade dos casos identificados não está assim relacionada com a idade, mas com a oportunidade de contacto que terá existido, explica a médica.

Pode-se confundir varicela e a varíola dos macacos?

Nas suas formas, a varicela e a varíola dos macacos são parecidas. A principal diferença pode ser o estádio das lesões.

Quando se trata de varíola dos macacos, por norma, estão todas no mesmo ponto de evolução, enquanto que na varicela caracteristicamente umas já são crostas, outras que ainda são pápulas e outras que ainda são vesículas.

No entanto, no caso de infeção por varíola dos macacos isto não é uma verdade absoluta, podem coexistir diferentes formas de lesões no mesmo momento.

Varíola dos macacos e Sars-COV-2, podem comparar-se?

“Não tem nada a ver”, afirma Margarida Tavares. Apesar de ambos terem origem animal, são de famílias distintas e a questão do contágio também difere, embora partilhem algumas vias de contágio.

Já existiram outros surtos de varíola dos macacos?

Esta é a primeira vez que esta infeção é identificada em Portugal, no entanto “já houve noutros países fora de África”, diz Margarida Tavares.

Este vírus foi identificado num ser humano pela primeira vez, em 1970, na República Democrática do Congo e, desde aí, já houve muitos casos de forma esporádica ou em pequenos surtos em vários países de África, nomeadamente na África Central e Ocidental.

O primeiro surto identificado fora do continente africano ocorreu nos EUA, em 2003, com algumas dezenas de casos confirmados. Todos estavam associados ao contacto com animais domésticos, que contactaram com roedores infetados importados de África.

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