Nasceu em 1981, em Lisboa. Em criança, o verão era sempre passado na casa dos avós maternos, em Braga. Para a avó era importante “saber fazer coisas com as mãos” e foi com ela que aprendeu a cozinhar e a bordar.
Na casa dos avós “apanhava secas monumentais”, conta, e para se entreter lia os livros e revistas de medicina que chegavam para o avô médico.
“A minha avó obrigava-nos a dormir a sesta e dizia: ‘não é preciso dormir, é só para descansar'”, recorda.
Trouxe para este podcast um caderno de matemática que virou livro de receitas. “Tem a letra da minha avó e as receitas dela. Faz-me lembrar muito dela.”
Sempre foi uma criança muito curiosa e gostava de conversar com os outros. Aos 11 anos, numa composição da escola, escreveu que queria ser jornalista, escrever no Expresso e entrevistar o Presidente da República - acertou em algumas coisas. Já escreveu no jornal e, como jornalista, cruzou-se com o Presidente português.
Inês Lopes Gonçalves tem dois irmãos muito mais novos. A mãe é professora de inglês e alemão. Depois de reformada quis regressar à profissão. “Não consegue parar. Há pessoas que nascem com uma vocação, esta é a dela”.
A radialista e apresentadora de televisão estudou no Externato da Luz e só mudou de escola aos 15 anos. Era a “filha da stora” o que “não era nada bom”, confessa. “Era a miúda que tinha de andar sempre na linha”. O primeiro dia na nova escola, no Secundário, foi marcante, mas sempre gostou de mudanças - “menos das políticas”.
Tem dois filhos, gémeos, que estudam na escola pública e confessa que as greves “desgastam”. “Ser pai da escola pública é um part-time. É preciso estar sempre atento, mas a diversidade é importante para as crianças”.
“A escola pública deve ser de todos e para todos”, sublinha.
Inês Lopes Gonçalves é a nova convidada do Geração 80. É locutora, apresentadora de televisão e Licenciada em Jornalismo. Foi jornalista na Rádio Renascença, onde regressou anos mais tarde para ser uma das ‘Três da Manhã’. “Nunca me vou habituar a acordar às 5h45 da manhã”, confessa.
É reconhecida pela versatilidade profissional e já convive melhor com isso. “Já sofri mais com a ideia de pensar que não tenho uma vocação. Nem todos temos de ter uma!”, desabafa. Nesta conversa conduzida por Francisco Pedro Balsemão, deixa o papel de entrevistadora para falar sobre a infância, a família e a educação dos filhos.
Livres e sonhadores, os anos 80 em Portugal foram marcados pela consolidação da democracia e uma abertura ao mundo impulsionada pela adesão à CEE. Foram anos de grande criatividade, cujo impacto ainda hoje perdura. Apesar dos bigodes, dos chumaços e das permanentes, os anos 80 deram ao mundo a melhor colheita de sempre? Neste podcast, damos voz a uma série de portugueses nascidos nessa década brilhante, num regresso ao futuro guiado por Francisco Pedro Balsemão, nascido em 1980.