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Análise

"Estes apoios à Palestina, esta gritaria na rua, tudo isto favorece o Hamas"

O especialista em estratégia e história militar Coronel José Henriques analisa a dependência de Israel dos EUA e refere que "o Hamas está a fazer uma jogada muito bem concebida sob o ponto de vista da ação indireta".

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O Presidente norte-americano ameaça suspender a entrega de bombas se Israel avançar com uma invasão em larga escala em Rafah. O embaixador israelita na Organização das Nações Unidas condena a ameaça e diz que as declarações do Presidente norte-americano foram "difíceis de ouvir" e “muito dececionantes”, acrescentando que essa medida iria prejudicar significativamente a capacidade do país de neutralizar o Hamas.

Numa entrevista à CNN internacional, Joe Biden diz que as bombas que os Estados Unidos forneceram a Israel foram usadas para matar civis. Declarações que surgem depois da suspensão de um carregamento de armas a Israel devido às preocupações com a ofensiva israelita em Rafah.

A questão da dependência de Israel em relação aos Estados Unidos em matéria de armamento mostra que a compra de armamento “é aos Estados Unidos desde sempre. Os Estados Unidos têm sido o grande apoio, o grande aliado de Israel”.

“Eu tenho a minha opinião acerca disso. Uma coisa é o que eles dizem. Outra coisa é o que eles fazem. Portanto, há aqui um jogo de interesses”.

Biden tem neste momento a sua candidatura à Presidência altamente pressionada dentro e fora do país “os Estados Unidos estão altamente pressionados e internamente e externamente relativamente ao que se passa, sobretudo no ataque que os israelitas poderão ou não lançar contra Rafah um ataque em grande escala”.

"Isto é uma espada de dois gumes terrível não só para Biden e para a Administração americana. (…) mas para Israel também".

O coronel José Henriques coloca os dois cenários possíveis:

  • Se os israelitas não lançarem um ataque definitivo contra Rafah, se se mantiverem neste impasse, vai, não vai, dentro do próprio Governo de Israel, aquela ala extremista sionista que existe é capaz de sair do governo e cai o governo.

  • Se os israelitas lançarem o ataque a Rafah, estão a dar o pretexto que falta à Casa Branca para a suspensão do apoio - suspensão visível do apoio - de armamento a Israel.

Esta é uma situação extremamente complexa “e a quem é que isto favorece? Mais ganha o Hamas no meio disto tudo”.

“O Hamas está a fazer uma jogada muito bem concebida sob o ponto de vista da ação indireta. O Hamas está dependente de todos os apoios internacionais que estão a surgir como cogumelos, porque estes apoios à Palestina, esta gritaria na rua, tudo isto favorece o Hamas. O Hamas, por sua vez, controla a própria informação dentro de Gaza”.

O Hamas apresentou uma proposta de cessar-fogo “que Israel não podia de forma nenhuma aceitar por causa das exigências e agora joga com a posição internacional e joga com a posição dentro de Israel a favor da libertação dos reféns (…) está a jogar com estes 2 vectores do problema”.

"Portanto, a situação é muito séria. Primeiro, não sabemos o que vai resultar das tais propostas de cessar-fogo. Interessam ao Hamas? Só se conduzirem à saída triunfal para um exílio dourado dos líderes que estão nos túneis apresentando os reféns, apresentando o que resta dos reféns."


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