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Em Coimbra, os estudantes pediram a palavra para falar da Palestina e Marcelo deu

Depois de os pedidos serem ignorados pela dirigente da Associação Académica de Coimbra, que fazia as notas introdutórias de cada um dos oradores, o Presidente da República deu nota do protesto, constatando de que haveria quem quisesse falar.

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Estudantes de Coimbra aproveitaram esta quarta-feira a cerimónia de celebração dos 55 anos da Crise Académica de 1969 para pedir a palavra, desta vez para falar da Palestina, e Marcelo Rebelo de Sousa, presente na iniciativa, concedeu-lhes a oportunidade.

Pouco antes de Marcelo discursar na cerimónia de homenagem à Crise Académica de 1969 e Alberto Martins, presidente da Associação Académica de Coimbra naquele ano, alguns estudantes envergaram uma tarja com as cores da bandeira da Palestina, onde se lia: "Pedimos a palavra porque o silêncio é ensurdecedor".

"Queremos falar, queremos falar", pediam os estudantes, imitando o gesto protagonizado por Alberto Martins durante o Estado Novo, a 17 de abril de 1969, e que marcou o início da Crise Académica.

Depois de os pedidos serem ignorados pela dirigente da Associação Académica de Coimbra que fazia as notas introdutórias de cada um dos oradores, Marcelo Rebelo de Sousa deu nota do protesto, constatando de que haveria quem quisesse falar.

"Aproximem-se os que querem falar. Venham, venham", pediu o Presidente da República.

A estudante de biologia da Universidade de Coimbra Joana Coelho avançou, tomou a palavra e chamou a atenção para "um assunto que toda a gente está a ignorar", realçando que já morreram "mais de 30 mil pessoas" na Faixa de Gaza, desde outubro de 2023.

"Temos de falar sobre isto. Está a acontecer um genocídio. Os nossos colegas têm as universidades bombardeadas. Nós temos de falar sobre isso", vincou.

Joana Coelho defendeu, numa intervenção curta, "o reconhecimento do Estado da Palestina independente" e um cessar-fogo "imediato e permanente".

No início do seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa recordou que Portugal sempre defendeu o direito da Palestina "a um Estado independente".

“A democracia faz-se ou desfaz-se todos os dias”

O Presidente da República defendeu ainda que a democracia faz-se ou desfaz-se todos os dias, apontando a necessidade de se respeitar a liberdade, os direitos fundamentais, o pluralismo, a opinião e a diferença.

"Não serve de nada só olhar para o passado: a democracia faz-se ou desfaz-se todos os dias. Cada vez que aumenta a pobreza desfaz-se a democracia, cada vez que aumentam as desigualdades desfaz-se a democracia", destacou.

Durante a cerimónia de inauguração, de um mural de homenagem a Alberto Martins e à Crise Académica de 1969, pintado na cidade de Coimbra, Marcelo Rebelo de Sousa enunciou alguns dos perigos que podem colocar a democracia em causa.

Ao longo da sua intervenção, o Presidente da República apontou a necessidade de se refazer a democracia todos os dias.

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