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Ativistas do Climáximo pintam e partem vidros da fachada da sede da Galp

A porta-voz do Climáximo, Inês Teles, acusa a Galp de ser uma empresa "colonial e assassina". Para o movimento, quebrar os vidros é agir em “legítima defesa”, uma vez que a Galp avançou para projetos de "morte para a extração de combustíveis fósseis em países como Moçambique e a Namíbia".

Ativistas do Climáximo pintam e partem vidros da fachada da sede da Galp
Climáximo

Apoiantes do Climáximo pintaram e estilhaçaram os vidros da fachada da nova sede da Galp, em Lisboa, esta terça-feira de manhã. O movimento acusa a empresa de ser “assassina”.

“Galp: nem aqui nem em lado nenhum” foi a frase que pintaram na fachada no edifício para denunciar o “negócio assassino” da empresa de combustíveis físseis.

"É intolerável que, em plena crise climática, empresas como a Galp continuem a ter carta branca para perpetuarem o assassínio em massa de pessoas por todo o mundo através da queima incessante de combustíveis fósseis", diz Inês Teles, porta-voz da ação.

Inês Teles acrescenta que “quebrar os vidros” da sede da Galp é agir em “legítima defesa contra uma empresa colonial e assassina", que avança com projetos de "morte para a extração de combustíveis fósseis em países como Moçambique e a Namíbia".

No comunicado enviado às redações, o movimento refere que 2023 foi o segundo ano consecutivo em que a Galp “quebrou o recorde de lucros”, atingindo os 1.002 milhões de euros e distribuindo 425,06 milhões pelos acionistas.

"Não podemos continuar a permitir novos projetos fósseis, nem aqui nem em lado nenhum. O único futuro para a Galp tem que ser o desmantelamento e a responsabilização da empresa pela destruição que está a causar: os recursos da Galp devem ser usados não para encher os bolsos dos acionistas, mas sim para pagar a necessária transição energética, que tem de ser iniciada já, e que tem de colocar no centro de decisão os trabalhadores da empresa e comunidades afetadas", defende Inês Teles.

O Climáximo apela à sociedade para “entrar em resistência face à destruição levada a cabo de forma coordenada e consciente por governos e empresas”.

“A Galp e outras empresas destruidoras não vão parar de queimar combustíveis fósseis e prescindir dos seus lucros assassinos de livre e espontânea vontade, nem vão ser travadas pelos Governos que são cúmplices das mesmas. Nós, pessoas comuns, somos quem tem de pará-las”, remata a porta-voz do Climáximo.

Galp avança com queixa

A Galp vai avançar com uma queixa no tribunal contra os elementos do movimento Climáximo que partiram vidros na sede da empresa.

"A Galp não comenta atos de vandalismo que pela sua natureza criminal deverão ser tratados em sede própria pelos tribunais", refere a empresa, numa reação enviada à agência Lusa.

Fonte do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP disse Lusa que cerca de 10 elementos do movimento vandalizaram a fachada da sede da Galp, partindo vidros.

A mesma fonte referiu que o alerta foi dado às 07:14 e que quando as autoridades chegaram ao local já não estava nenhum dos elementos. Assim, ninguém foi identificado.

Lucro da Galp energia sobe 35% para 337 ME no 1.º trimestre

A Galp Energia obteve um lucro de 337 milhões de euros no primeiro trimestre de 2024, 35% acima dos 250 milhões de euros do período homólogo e que compara com 284 milhões do trimestre anterior.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a petrolífera refere que "apresentou um conjunto robusto de resultados, impulsionados por um sólido desempenho no 'upstream' [exploração e produção] e na refinação e pela contribuição das atividades de gestão de energia".

O lucro do grupo antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de 974 milhões de euros, no primeiro trimestre, que comparam com 864 milhões no mesmo trimestre do ano passado e com 720 milhões no conjunto dos três meses anteriores.

No final do primeiro trimestre, a dívida líquida da Galp ascendia a 1.500 milhões de euros, 12% acima dos 1.341 milhões registados no primeiro trimestre do ano passado, e a dívida líquida sobre o Ebitda ajustado era de 0,4 vezes.

Já a margem de refinação baixou para 12 dólares por barril, face aos 14,3 dólares por barril do primeiro trimestre de 2023.

O 'cash flow' operacional ajustado (FCO) registou uma subida homóloga de 363 milhões para 595 milhões de euros, "refletindo um sólido desempenho operacional", referiu a Galp.

Na área da exploração e produção ('upstream'), o Ebitda da Galp subiu 8% para 548 milhões de euros, em termos homólogos, enquanto no segmento industrial o Ebitda avançou 34% para 314 milhões de euros.

Já nas energias renováveis e novos negócios, a petrolífera registou um Ebitda de 35 milhões de euros e mais do que duplicou a geração de energia para 448 gigawatts/hora (GWh), face ao mesmo período do ano anterior.

Na área comercial, o Ebitda recuou 9% para 64 milhões de euros, refletindo as quebras na venda de produtos petrolíferos, sobretudo a clientes empresariais em Espanha, e de renováveis (-75% para nove milhões de euros).

No primeiro trimestre, os preços da eletricidade nos mercados grossistas atingiram preços especialmente baixos, afetando empresas como a Galp.

No primeiro trimestre, o investimento líquido da Galp quase triplicou para 310 milhões de euros, grande parte dirigido ao Brasil e à Namíbia.

"Na Namíbia, juntamente com os nossos dois parceiros locais, Namcor e Custos, reduzimos significativamente o risco do complexo de Mopane depois de concluirmos os primeiros dois poços e o DST em Mopane 1X. Encontrámos colunas significativas de petróleo leve em condições de reservatório de alta qualidade, colocando Mopane como uma potencial grande descoberta comercial", lembrou, no comunicado, o presidente executivo da Galp, Filipe Silva.

O responsável referiu ainda que "isto deverá apoiar o perfil de crescimento da Galp nas próximas décadas".

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