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Caos nas urgências deixa bombeiros de Torres Vedras só com uma ambulância

“Qualquer dia não temos bombeiros”, lamentou o comandante da corporação.

Caos nas urgências deixa bombeiros de Torres Vedras só com uma ambulância

A corporação de bombeiros de Torres Vedras esteve esta segunda-feira cinco horas com apenas uma ambulância disponível, devido ao encerramento das urgências do hospital ao CODU, obrigando ao encaminhamento de doentes para outros hospitais, denunciou o comando.

“Das onze ambulâncias da corporação, dez estiveram fora do quartel entre as 11:00 e as 16:00, ficando apenas uma ambulância disponível para todos os pedidos de socorro”, disse o comandante dos Bombeiros Voluntários de Torres Vedras, Hugo Jorge.

De acordo com o comandante, a situação teve por base “o fecho das urgências do Hospital de Torres Vedras a doentes encaminhados pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU)”, situação que obrigou a transportar os doentes “sobretudo para os hospitais de Loures e de Santa Maria [em Lisboa], o que resulta numa maior demora dos serviços”.

Uma situação “recorrente deste outubro” e que se tem verificado “com maior incidência nos últimos tempos, pondo em risco a capacidade de meios de socorro e sobrecarregando os bombeiros”, afirmou o comandante da corporação.

A situação mais crítica verificou-se esta segunda-feira, com “apenas uma ambulância no quartel”, mas, segundo o comandante, “já no sábado a corporação foi chamada para 30 emergências médicas, cujos doentes tiveram que ser reencaminhados, devido ao encerramento das urgências ao CODU”.

Hugo Jorge alerta que “se esta situação se repetir, se houver um acidente com apenas uma ambulância no quartel, não haverá capacidade de resposta desta corporação“, podendo haver ainda o risco de as corporações mais próximas (Lourinhã, Merceana, Sobral de Monte Agraço e Cadaval) “poderem ter também todas as ambulâncias em serviço, já que estas populações são também servidas pelo Hospital de Torres Vedras e, tendo estas corporações o mesmo problema com o tempo que gastam a levar os doentes para Loures ou Lisboa”.

“Não há planeamento que consiga aguentar isto e qualquer dia não temos bombeiros“, lamentou o comandante, alertando que “os voluntários não podem estar sujeitos a serviços que não sabem quantas horas demoram, quando depois têm que ir para os seus trabalhos, esgotados, muitas vezes sem dormir”.

O Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), onde se integra o Hospital de Torres Vedras, confirmou a existência de “alguns constrangimentos” na Urgência Médico-Cirúrgica desta unidade, durante esta segunda-feira, “designadamente porque está a decorrer a mudança de instalações do Serviço de Urgência para duas áreas de transição, o que vai permitir a libertação do espaço da Urgência para a realização da obra de remodelação da mesma”.

Esta obra vai iniciar-se no final da semana e decorrerá ao longo dos próximos seis meses, adiantou o CA.

Assim, “foi solicitado ao CODU o reencaminhamento de doentes críticos para outras unidades hospitalares, de acordo com a situação clínica”, procedimento utilizado há anos na gestão da procura pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) e que “salvaguarda o atendimento com celeridade de doentes com situação clínica complexa ou exigente, assegurando que são encaminhados para outras unidades da região, as quais assegurarão a resposta e o funcionamento em rede”.

Os hospitais que, por períodos transitórios, acionam o desvio de CODU mantêm a urgência externa a funcionar: todos os doentes que se desloquem diretamente às urgências são admitidos e atendidos.

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