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O que aconteceu a 25 de Novembro de 1975?

A uma tentativa de sublevação de unidades militares de extrema-esquerda opõe-se a “direita militar” com um contra-golpe. O país entra em estado de sítio.

Capitães de Abril, membros do Conselho da Revolução - António Ramalho Eanes, Vasco Lourenço, Vasco Almeida e Costa, Melo Antunes, Garcia Leandro, entre outros, 1975.
Capitães de Abril, membros do Conselho da Revolução - António Ramalho Eanes, Vasco Lourenço, Vasco Almeida e Costa, Melo Antunes, Garcia Leandro, entre outros, 1975.
Marques Valentim/Atlântico Press/Getty Images

Um ano e meio depois da Revolução de 25 de Abril de 1974, o país estava a ferro e fogo. Depois do Verão Quente de 75, Portugal chegava a novembro à beira da guerra civil. Militares ligados à extrema esquerda tomam pontos estratégicos da capital. Um dispositivo militar, com base no Regimento de Comandos da Amadora, opõe-se. É decretado o estado de sítio em Lisboa.

A uma tentativa de sublevação de unidades militares de extrema-esquerda opõe-se a “direita militar” com um contra-golpe e o país entra em estado de sítio.

De um lado, Otelo Saraiva de Carvalho, que chefiava o COPCON (Comando Operacional do Continente), sentindo o poder escapar-se-lhe, distribuiu alguns milhares de espingardas metralhadoras G-3 a grupos esquerdistas.

Do outro, a "direita militar", chefiada por Ramalho Eanes e Jaime Neves (comandante do Regimento dos Comandos na Amadora), preparava um contra-golpe.

Tensões políticas e ideológicas após o 25 de Abril

O 25 de Novembro de 1975 em Portugal foi resultado de tensões políticas e ideológicas que surgiram após o 25 de Abril de 1974. A Revolução dos Cravos depôs o regime autoritário do Estado Novo, mas as forças políticas e sociais em Portugal estavam divididas quanto ao rumo a ser seguido.

Entre as principais causas que levaram ao 25 de Novembro destacam-se:

Divisões Ideológicas

Após a revolução, surgiram divergências entre forças mais à esquerda, representadas principalmente pelos militares de orientação comunista, e forças mais moderadas e de centro-direita. Essas divergências levaram a confrontos sobre o curso político a ser adotado.

Nacionalizações e reformas sociais

A rápida implementação de medidas como nacionalizações de setores-chave da economia e reformas sociais provocou tensões entre os diferentes grupos políticos, especialmente entre os setores mais conservadores e os representantes das forças armadas.

Poder popular versus poder militar

A questão de quem deveria deter o poder efetivo, se o governo civil ou os militares, tornou-se um ponto de atrito. As forças armadas, inicialmente unidas na Revolução dos Cravos, começaram a dividir-se em fações com visões diferentes sobre o papel militar na governação.

Receios de radicalização

Parte das forças políticas temia uma radicalização excessiva do país em direção ao comunismo, o que levou a um confronto entre os setores mais moderados e os mais radicais na sociedade portuguesa.

Otelo Saraiva de Carvalho (à esquerda), e José Afonso no comício que decorre no Pavilhão do Académico, no Porto. Foto Capital.
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Fim do período revolucionário e início da democracia

O 25 de Novembro de 1975 foi uma tentativa de reconciliação e estabilização política, com uma intervenção militar liderada pelo general Ramalho Eanes, que buscava restaurar a ordem e evitar uma possível deriva para a esquerda radical.

Foi o dia que marcou o fim do PREC - Processo Revolucionário em Curso - e o início da consolidação da democracia em Portugal.

António Ramalho Eanes, vota para as eleições presidenciais em 7 de Dezembro de 1980.
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