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Santos Silva defende que PS comemore 25 de novembro

Augusto Santos Silva respondia no Parlamento a uma pergunta sobre se considerava ou não que o 25 de novembro de 1975 deveria ser incluído no programa oficial de comemorações dos 50 anos do 25 de abril de 1974.

Santos Silva defende que PS comemore 25 de novembro
TIAGO PETINGA/LUSA

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, afirmou esta quarta-feira que, numa reunião da comissão organizadora das comemorações parlamentares dos 50 anos do 25 de Abril, defendeu que o PS deve celebrar o 25 de novembro de 1975.

Augusto Santos Silva respondia no Parlamento a uma pergunta colocada pelo deputado social-democrata Hugo Oliveira, sobre se considerava ou não que o 25 de novembro de 1975 deveria ser incluído no programa oficial de comemorações parlamentares dos 50 anos da Revolução dos Cravos de 1974.

"Quando discutimos na comissão organizadora esta questão, que o fizemos, eu lembro-me muito bem de ter dito, 'percebo que o consenso não é possível mas devo dizer que espero que o meu partido comemore o 25 de novembro'. Julgo que respondi ao senhor deputado", afirmou Santos Silva.

O tema surgiu após uma declaração política da Iniciativa Liberal na qual o presidente do partido, Rui Rocha, deixou duras críticas a Santos Silva, responsabilizando-o pelo facto de a operação militar do 25 de novembro de 1975 não estar incluída no programa oficial de comemorações no parlamento do cinquentenário do 25 de Abril.

Considerando que comemorar o 25 de novembro "é mesmo um imperativo moral", Rui Rocha defendeu que "esta decisão revela um profundo desprezo pela história da consolidação da democracia em Portugal e constitui uma tremenda cobardia política, um deplorável oportunismo e uma enorme hipocrisia".

Rocha acusou o presidente do parlamento de se "esconder atrás do consenso" para não incluir a data nas comemorações parlamentares e alegou que tal tinha como objetivo "agradar aos radicais de esquerda".

A resposta de Santos Silva

Por sua vez, Santos Silva insistiu na ideia de que o programa oficial do parlamento resultou de um consenso entre todos os partidos, que estão representados na comissão organizadora das comemorações parlamentares, presidida por si próprio, e que esta comissão "toma decisões por consenso", o que significa que "não havendo unanimidade, nenhum grupo parlamentar se opõe".

Santos Silva acrescentou que a comissão parlamentar organizadora "trabalha segundo as orientações que recebeu da conferência de líderes", que consensualizou as linhas orientadoras das comemorações e que o facto de o 25 de novembro não estar incluído não foi uma decisão sua.

Pelo PS, o deputado Porfírio Silva defendeu que "os únicos vencedores do 25 de novembro foram aqueles que queriam a democracia representativa para todos", referindo como perdedores os que "achavam que eram donos da legitimidade revolucionária e achavam que podiam impor a legitimidade revolucionária contra a legitimidade democrática aferida pelas eleições livres".

"Mas também perderam aqueles que queriam aproveitar a oportunidade para voltar a atirar para a clandestinidade uma parte da esquerda portuguesa, designadamente quando quiseram ilegalizar o PCP", disse.

Porfírio Silva citou ainda o general Ramalho Eanes, afirmando que "os momentos fraturantes não se comemoram, recordam-se, apenas para refletir sobre eles" e acusou a IL de "concorrer em radicalismo com a extrema-direita parlamentar".

O deputado social-democrata Hugo Oliveira considerou que o 25 de novembro deveria ser incluído nas comemorações do parlamento, e elogiou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, pelo anúncio de que esta autarquia vai festejar "com uma grande iniciativa" esta data.

O deputado Filipe Melo, do Chega, defendeu que o "país se esqueceu da data mais importante da nossa liberdade, que é o 25 de novembro".

Já o PCP acusou a IL de "intervir com a mentira" e de se assumir como uma "força política retrógrada, reacionária, mascarada de modernidade, contrária aos valores de Abril", salientando que "se houve partido que durante mais de 100 anos interveio e lutou na defesa dos valores da liberdade e democracia, contra a ditadura, sofrendo, foi o PCP".

Num artigo de opinião datado de terça-feira, no jornal Público, o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, escreveu que "o Grupo Parlamentar do PS não deixará de assinalar o 25 de novembro": "Como uma data de uma jornada que, para nós, começou muito antes na luta por um país livre e democrático, e que tem no 25 de abril de 1974 uma data única, fundadora e libertadora".

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