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O que esteve Bolsonaro a fazer na embaixada da Hungria?

"Motivos políticos" foi a resposta do ex-Presidente. Mas a estadia já levou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil a convocar o embaixador húngaro.

O que esteve Bolsonaro a fazer na embaixada da Hungria?
Amanda Perobelli

O ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, terá passado duas noites na embaixada da Hungria, no Brasil, depois de lhe terem confiscado o passaporte, a 8 de fevereiro.

A notícia é avançada pelo The New York Times, que teve acesso às imagens de videovigilância da embaixada.

O ex-presidente do Brasil estava à porta da embaixada húngara, à espera para entrar. A imagens mostram também que Bolsonaro terá ficado dois dias, entre 12 e 14 de fevereiro, acompanhado por dois seguranças. Durante a estadia, esteve com o embaixador e com diplomatas do país europeu.

Segundo a lei, como estava numa embaixada estrangeira, Bolsonaro não poderia ser preso, porque estava fora do alcance das autoridades nacionais.

O The New York Times sugere que o antigo chefe de Estado poderia estar a tentar alavancar a sua amizade com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, para conseguir escapar à justiça brasileira.

Na segunda-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil convocou o embaixador da Hungria para explicar a situação.

As imagens foram captadas quatro dias após a Polícia Federal ter lançado uma operação contra Bolsonaro e o seu círculo íntimo. Em causa estão suspeitas de tentativa de golpe de Estado contra o Governo de Lula da Silva.

A operação levou à detenção de vários colaboradores de confiança de Bolsonaro. Como medidas de coação, o Supremo Tribunal Federal decretou que Bolsonaro ficaria impedido de sair do país e proibido de contactar com outros arguidos.

Após a divulgação da notícia, Bolsonaro confirmou a estadia ao site de notícias brasileiro Metrópoles.

"Não vou negar que estive na embaixada, sim. Não vou falar onde mais estive. Mantenho um círculo de amizade com alguns chefes de Estado pelo mundo. Estão preocupados. Eu converso com eles assuntos do interesse do nosso país. E ponto-final. O resto é especulação", disse.

Num comunicado divulgado na segunda-feira e citado pelo The New York Times, também o advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, confirmou que o antigo líder esteve na embaixada para discutir política com os diplomatas húngaros: “Outras interpretações são, claramente, obras de ficção. Em prática, mais notícias falsas.”

Jair Bolsonaro tem sido alvo de numerosas investigações desde que deixou o cargo de Presidente do Brasil. A mais polémica está relacionada com a alegada tentativa de golpe de Estado, no início de 2023.

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