Saúde Mental

“A depressão não acontece só aos mais fracos”

Se houve uma altura em que pensou que a depressão só acontecia aos outros, agora sabe bem que não é verdade. Liliana Campos lembra que muitas vezes está a acontecer-nos a nós ou a pessoas de que gostamos. A apresentadora de televisão considera, por isso, que é importante estarmos atentos e, acima de tudo, falarmos abertamente de saúde mental. Sobre a depressão avisa ainda que não acontece só aos mais fracos.

“A depressão não acontece só aos mais fracos”

Liliana Campos nasceu em Angola tem 49 anos e é apresentadora de televisão. Com um sorriso fácil, estamos habituados a vê-la, descontraída e quase sempre bem disposta, na condução do programa da SIC Caras Passadeira Vermelha.

Desta vez, no testemunho que aceitou dar à SIC Notícias a propósito da saúde mental, está um pouco mais séria, porque o assunto assim o exige. É no seu camarim que decide falar da doença mental que mais afeta os portugueses: a depressão.

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De acordo com a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, a depressão é uma doença que afeta cerca de 20% da população portuguesa. Liliana faz parte das estatísticas.

A apresentadora confessou há pouco tempo, na sua página do Instagram, que teve uma depressão, que chegou na sequência de vários momentos difíceis: a doença prolongada da mãe, problemas financeiros e outras situações que aconteceram à sua volta. Numa altura em que estava focada em dar o maior conforto que pudesse à mãe, a vida continuou sem se aperceber do que se estava a passar.

“É importante admitirmos que estamos doentes”

Foi numa consulta à ginecologista, devido a uma menopausa precoce, que lhe foi sugerido que fosse a um psiquiatra. Liliana aceitou e foi falar com a médica Ana Peixinho, que lhe diagnosticou uma depressão. “Tive sorte de ter alguém que olhasse por mim”, conta à SIC Notícias.

A partir do momento que recebeu o diagnóstico, começou logo com a terapêutica e procurou alternativas complementares com um psicólogo. “É importante admitirmos que estamos doentes porque só depois é que conseguimos tratar-nos e tomar conta de nós”, aconselha Liliana.

Por tudo o que passou sabe a importância de se falar dos problemas do foro mental, mas reconhece que muitas vezes não estamos atentos aos sinais.

A importância da ajuda

“A última coisa quer nos apetece é falar sobre o assunto, é que venham com perguntas, é estar a conviver com pessoas, é falar sobre aquilo que não está bem, mas o mais importante de tudo é pedir ajuda, é aceitar essa ajuda, é saber gerir essa ajuda”, diz Liliana Campos.

Hoje, reconhece que ainda bem que aceitou ajuda, porque foi a tempo de ser tratada.

“Só com o passar do tempo e o distanciamento necessário é que se percebe até onde é que realmente fomos. São tempos horríveis, é uma dor tremenda, é uma solidão inexplicável, é uma coisa que aperta, que mói”.

Liliana termina o testemunho com um agradecimento e um pedido. “Sou muito grata porque tive ajuda certa na altura certa. A minha motivação é falar das doenças mentais como falamos de qualquer outra doença, porque não acontece só aos mais fracos. Não acontece só aos outros. Muitas vezes está a acontecer-nos a nós ou a pessoas de que gostamos. Temos que estar atentos aos sinais”.

A depressão

A depressão é caracterizada por estados de angústia e tristeza profundas. A tristeza, tal como a felicidade ou a frustação, são emoções que são vividas por todas as pessoas e que são momentâneas. Não quer isto dizer que quando estamos tristes, estamos com uma depressão.

A depressão pode apresentar-se em diferentes graus de gravidade e, regra geral, afeta mais as mulheres do que os homens.

A Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental refere que a depressão afeta "cerca de 20% da população portuguesa". É a doença mental que mais afeta os portugueses. A Organização Mundial da Saúde considera-a a principal causa de incapacidade.

Portugal é o quinto país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que mais consome antidepressivos. A taxa de consumo é o dobro de países como a Holanda, a Itália ou a Eslováquia.

A depressão pode ser tratada com recurso a medicação ou psicoterapia, ou ainda uma combinação entre ambas.Tal como outras doenças, quanto mais cedo a depressão for diagnosticada, mais eficaz será o tratamento.

Sintomas mais frequentes da depressão: tristeza; fadiga; perda de interesse e prazer nas atividades diárias; alterações do sono, do apetite e do desejo sexual; apatia; crises de choro; sentimentos de culpa, inutilidade e impotência e pensamentos suicidas.

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