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"O diretor desportivo do Clermont Foot não queria trabalhar com mulheres e não foi capaz de o dizer"

O nome de Helena Costa é indissociável de pioneirismo no futebol. Do treino ao scouting, da Europa ao Médio Oriente, soma sucessos por onde passa numa carreira que também já lhe proporcionou diversos obstáculos.

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Helena Costa, uma mulher que quebrou barreiras num mundo que continua a ter uma predominância masculina.

Nasceu na freguesia de Alhandra, distrito de Lisboa, em abril de 1978. A carreira no futebol despontou na vertente que mais a apaixona - treinar - tendo assumido as funções de treinadora-adjunta nas camadas jovens do Benfica.

Em 2014, fez história ao tornar-se a primeira contratação de uma treinadora para uma equipa profissional masculina de futebol num campeonato de alto nível, no caso ao serviço dos franceses do Clermont Foot.

Uma conquista preponderante que foi, em simultâneo, uma das experiências mais desapontantes da carreira, não só pela forma precoce como terminou, mas também pelo tratamento diferenciado de que foi alvo na equipa gaulesa.

"Houve um boicote de tudo o que era o meu trabalho por parte do diretor desportivo. (…) Não queria trabalhar com mulheres e não foi capaz de o dizer", conta Helena Costa.

Seguiram-se desafios no Médio Oriente, onde a treinadora portuguesa assumiu o comando técnico das seleções femininas do Qatar e do Irão, país do qual considera existir uma "ideia muito errada" por parte do Ocidente.

"As melhores memórias dos países em que trabalhei são as pessoas. (…) [No Irão] Muitas jogadoras não rezavam, tinham a cabeça descoberta e usavam roupas justas. Havia festas no prédio quase todos os dias", conta Helena Costa, que encontrou no Irão, em 2012, o futebol feminino “muito mais desenvolvido do que em Portugal”.

Uma carreira de sucesso que, em 2012, após a saída da seleção iraniana, se focou no trabalho de observação e prospeção de jogadores, inicialmente nos escoceses do Celtic e, mais tarde, no Eintracht Frankfurt (Alemanha), onde “ganhar a Liga Europa foi uma experiência do outro mundo”, e no Watford (Inglaterra).

“O scouting dá-te a felicidade de viajar muito. Custou-me bastante chegar até aqui, mas tenho a perfeita noção de que sou uma felizarda. Adoro aquilo que faço”, conclui.

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