Vários crimes que estiveram na origem da queda do Banco Espírito Santo (BES) prescrevem no final deste ano. Em causa estão crimes relacionados com atos de gestão, imputados a pelo menos 10 arguidos no processo. O julgamento, que tem vindo a ser adiado, só deverá começar em meados de junho.
Quase uma década após a derrocada do BES e cerca de um ano após a decisão instrutória - com a Justiça a determinar que Ricardo Salgado e os restantes arguidos vão mesmo a julgamento -, não há margem para dúvidas de que vários crimes vão prescrever até ao final deste ano (e outros logo no início do próximo ano).
Até janeiro de 2025, podem prescrever 42 crimes de falsificação de documento e de infidelidade, imputados a Ricardo Salgado e outros 12 arguidos.
Entre outubro e dezembro, deverão ficar fora de prazo os crimes relacionados com alegada falsificação da contabilidade dentro do já extinto Grupo Espírito Santo, um dos pilares que levou à queda deste império bancário. Devem expirar também os crimes de infidelidade, imputados a 10 arguidos. Dentro de atos de gestão, de acordo com o Ministério Público, terão prejudicado o BES em 933 milhões de euros.
Segundo contas feitas pelo jornal Observador, já em junho - no próximo mês - deverá prescrever um dos cinco crimes de infidelidade imputados a Ricardo Salgado e também a outros arguidos, entre eles o antigo administrador do BES Amílcar Morais Pires, Isabel Almeida, antiga diretora financeira do BES, e Francisco Machado da Cruz, ex-chefe de contabilidade do GES.
De adiamento em adiamento, o julgamento que esteve previsto para 28 de maio só deverá arrancar a 18 de junho. Houve atrasos na notificação de um dos arguidos.
Ricardo Salgado está acusado de 65 crimes, que passam por associação criminosa, corrupção ativa, falsificação de documento, burla qualificada e branqueamento.