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E se vivêssemos para sempre? A resposta de um vencedor do Prémio Nobel da Química

A busca pela vida eterna tem suscitado a curiosidade de muitos pensadores e estudiosos ao longo dos séculos, mas, ao que tudo indica, ainda não há uma solução no horizonte. Contudo, o biólogo molecular Venki Ramakrishnan acredita que isso não seria a melhor ideia. Porquê?

E se vivêssemos para sempre? A resposta de um vencedor do Prémio Nobel da Química
Taiyou Nomachi

O biólogo molecular Venki Ramakrishnan, que possui no seu currículo o Prémio Nobel da Química, publicou um novo livro intitulado "Porque morremos: a nova ciência do envelhecimento e a procura da imortalidade", onde aborda a ciência e a ética da extensão da vida humana. Em entrevista à ABC News, o investigador britânico, com raízes indianas, explica que viver muito para lá do que atualmente consideramos normal talvez não seja uma ideia brilhante.

Ao meio de comunicação britânico, Ramakrishnan clarifica que uma hipotética sociedade onde as pessoas vivem centenas de anos pode ser sinónimo de uma sociedade estagnada.

"Seria o mesmo grupo de pessoas a viver cada vez mais tempo. Não haveria rotatividade entre gerações. Talvez novas ideias, coisas desse género. Mas acho que isso ainda está no domínio da ficção científica", refere.

Por isso, esclarece que as atenções da ciência, nos dias que correm, estão voltadas para encontrar uma forma de vida saudável e não para a extensão da vida humana por muitos mais anos.

Mas porque é que a idade biológica nem sempre corresponde à idade cronológica? Em resposta a esta questão, o biólogo diz que deve olhar-se para o envelhecimento como "uma acumulação de danos ao longo do tempo". Danos esses que são reparados pelo nosso organismo por "mecanismos de reciclagem".

"O ritmo a que se degradam é diferente consoante a pessoa", acrescenta.

Mas a verdade é que há pessoas que envelhecem mais depressa do que outras. O especialista nota que existem vários marcadores de envelhecimento que explicam essas diferenças, apesar, claro está, de fatores de riscos, como fumar ou ingerir álcool.

Marcadores sanguíneos podem influenciar o tempo de vida

Prossegue dizendo que o ADN humano vai adquirindo, ao longo dos anos, marcas epigenéticas, o que altera o "padrão com que expressamos diferentes genes" e, consequentemente, "altera a forma como a nossa biologia funciona".

Para além desse fator, existem ainda marcadores sanguíneos que indicam que algumas pessoas envelhecem mais rápido do que outras. Informa que estudos já realizados nesse sentido sugerem a existência de tais fatores, que retardam ou antecipam o envelhecimento.

Relativamente ao futuro da vida humana, Venki Ramakrishnan mostra-se confiante. Mas, para isso, ressalva, é necessário "atacar as causas subjacentes ao envelhecimento" de forma que possamos "viver uma vida mais longa e mais saudável".

E se eliminássemos algumas das principais causas de mortalidade, quanto anos viveríamos a mais? O investigador acredita que a esperança média de vida cresceria apenas cerca de 15 anos.

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