Ainda não sabia ler, nem tão pouco dominava a escrita e já fingia trazer um gravador na mão. Bati centenas de textos numa velhinha máquina de escrever que, ainda hoje, só existe na minha imaginação. A concretização do sonho chegaria já na era dos computadores. O que queres ser? Jornalista. Dizem os meus pais que a resposta foi sempre a mesma. Ainda é. Vivo o jornalismo como um prazeroso dever, uma conquista, uma permanente aprendizagem. Nos olhos de um repórter a sociedade deve encontrar um espelho da realidade. Terreno fértil para o livre arbítrio. Sorrio quando redescubro o mundo que o jornalismo me deu. Pelos caminhos desta aventura mergulhei, no fundo do mar, de dia e de noite no submarino Tridente, avancei entre furacões e ciclones, descobri as letras do direito nos mega-processos. Descobri a vida em todas as suas formas. Do primeiro choro, num parto atribulado em Moçambique, ao último suspiro de uma morte prematura, ali em plena reportagem, nos incêndios de 2013 na Madeira. Dos diretos atribulados, ao entusiasmo da pergunta certa em estúdio, aprendi que me movo de adrenalina. A ousada adrenalina que em 2017 me deu uma bênção, em direto, do Papa Francisco . O jornalismo? O jornalismo continua a ser um sonho, de fazer mais, de fazer cada vez melhor, de ouvir bem e melhor saber contar, cada história.