50 anos do 25 de Abril

“A Revolução deve-se ao Norte, ninguém tenha dúvida”

No dia 25 de Abril de 1974 o repórter fotográfico Ricardo Pereira testemunhou a euforia do povo nas ruas do Porto: “Eu nunca pensei ver tanta mulher na rua. Era espetacular aquilo. Elas sentiam no pelo aquilo que foi o regime antes do 25 de Abril."

Ricardo Pereira, jornalista
Ricardo Pereira, jornalista
SIC Notícias

O repórter fotográfico Ricardo Pereira estava de piquete no jornal "O Comércio do Porto" na noite de 24 para 25 de Abril de 1974.

Na redação aguardavam pelo funcionário da tipografia que tinha ido com a edição do dia seguinte à censura, instalada num edifício da Rua de Santa Catarina. Normalmente em meia hora o funcionário regressava com a indicação do que era para cortar. Mas nessa noite tardou em aparecer.

Já estava em marcha a Revolução. O essencial da manobra militar estava concentrado em Lisboa, mas teve a colaboração concertada de vários regimentos do país.

No norte, aos primeiros acordes de "Grândola Vila Morena", os militares saíram do CICA, considerado o quartel-general do 25 de Abril no Porto e onde hoje funciona parte do Hospital de Santo António. Eram 3 da manhã quando tomaram o Quartel de Santo Ovídeo, na Praça da República. O Chefe de Estado Maior da Região Militar do Norte foi detido.

Ricardo Pereira recorda que por volta das quatro ou cinco da manhã começa a ver-se movimento nas ruas. Os jornalistas foram logo para a porta da PIDE, mas foi só no dia seguinte que os militares chegaram ao número 329 da Rua do Heroísmo e se assistiu à libertação dos últimos presos políticos.

O nascer do dia ajudou a clarificar o que estava a acontecer. À medida que a notícia se ia espalhando as ruas do Porto encheram-se de gente e a polícia não conseguiu conter o povo. Nesse 25 de Abril Ricardo Pereira recorda ter ficado muito impressionado com as mulheres.

Ricardo Pereira não hesita em afirmar que o norte teve um papel determinante no sucesso da Revolução de Abril.

Passaram 50 anos sobre "O dia inicial inteiro e limpo, onde emergimos da noite e do silêncio, e livres habitamos a substância do tempo" (Sophia de Mello Breyner Andresen).

Meio século depois vivemos tempos inquietantes. Ricardo Pereira aponta a passividade das pessoas como um entrave aos valores da Liberdade e da Democracia.

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