Economia

FMI alerta: eleições podem levar a derrapagens orçamentais a nível global

“Os riscos de derrapagens orçamentais são particularmente agudos, uma vez que 2024 é o que está a ser chamado de ‘Grande Ano Eleitoral’”, diz o Fundo Monetário Internacional, lembrando que 88 economias vão (ou já foram) a votos este ano.

FMI alerta: eleições podem levar a derrapagens orçamentais a nível global
Andrew Harnik

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou esta quarta-feira que os riscos de derrapagens orçamentais a nível global são particularmente elevados, já que 2024 é o grande ano eleitoral, com 88 economias ou regiões económicas a realizarem eleições durante o ano.

No relatório sobre política orçamental, divulgado no âmbito das reuniões de primavera da organização e do Banco Mundial, em Washington, o FMI estima que os défices primários globais caiam para 4,9% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano.

No entanto, adverte que "subsistem riscos substanciais para as finanças públicas e a retoma da normalização da política orçamental irá exigir esforços significativos contra vários fatores adversos".

"Os riscos de derrapagens orçamentais são particularmente agudos, uma vez que 2024 é o que está a ser chamado de 'Grande Ano Eleitoral': 88 economias ou áreas económicas que representam mais de metade da população e do PIB mundial já realizaram ou irão realizar eleições durante o ano", alerta.

Segundo o FMI, o apoio ao aumento da despesa pública tem crescido em todo o espetro político ao longo das últimas décadas, tornando este ano especialmente desafiante, uma vez que a evidência empírica mostra que a política orçamental tende a ser mais flexível, e as derrapagens maiores, durante os anos eleitorais.

A instituição liderada por Kristalina Georgieva destaca que a inflação caiu, as condições de financiamento melhoraram e os principais riscos de perturbações na economia global foram até agora evitados.

Contudo, a distribuição das dívidas, dos défices e dos riscos e vulnerabilidades das finanças públicas pouco mudou: "Embora a política monetária tenha permanecido restritiva em mais de 85% das economias mundiais em 2023, apenas metade delas apertou a política orçamental, abaixo dos cerca de 70% em 2022", indica.

De acordo com o FMI, as receitas inesperadas decorrentes das surpresas inflacionárias diminuíram e as despesas permaneceram elevadas como "resultado de legados de medidas orçamentais para enfrentar a crise pandémica e da introdução de novas medidas de apoio orçamental em muitas economias".

"Como consequência, o ímpeto rumo à normalização da política orçamental que traria os saldos orçamentais de volta aos níveis pré-pandémicos vacilou", aponta, prevendo, assim, que os défices e as dívidas permaneçam mais elevados no médio prazo do que o esperado antes da pandemia.

Deste modo recomenda que "são necessários esforços decisivos de consolidação orçamental para salvaguardar as finanças públicas sustentáveis e reconstruir as reservas orçamentais num contexto de dívida pública elevada, de perspetivas de crescimento a médio prazo abrandadas e de taxas de juro ainda elevadas".

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