Nasceu em agosto de 1982, em Lisboa. Cresceu no Príncipe Real e estudou em colégios até aos 10 anos, altura em que a família se mudou para a Amadora.
Era um miúdo rebelde que nunca quis ser filho único. Foi muito mimado pelos pais e a mudança de escola foi um “choque”. “Fui largado numa escola real, a Roque Gameiro, e aí apercebi-me que tinha sido muito mimado”, conta.
Em criança lembra-se de se “enroscar” no colo da mãe, ao final do dia, a ver a telenovela Roque Santeiro. De manhã acordava cedo para ver os desenhos animados com o pai: “Eu ainda não sabia ler e ele lia-me as legendas”, recorda.
A família do lado do pai é de Vimioso e em criança ia lá muito. Depois da morte da avó afastou-se da terra, mas há pouco tempo retomou as idas a Trás-os-Montes com os filhos.
O gosto pela fotografia e pelas câmaras de filmar acompanham-no desde pequeno.
Aos 8 anos recebeu a primeira câmara fotográfica. O pai, professor de português latim e grego, viajava muito e tirava muitas fotografias, mas o tio, fotógrafo de desporto, foi o principal “culpado”. Com este tio, o irmão mais novo da mãe, passava horas a revelar fotografias num armário na casa da avó.
Tem 41 anos e quase 30 de carreira. Começou muito cedo no cinema, aos 14 anos, no filme “Adeus Pai” de Luís Filipe Rocha. De jovem promessa rapidamente se tornou um dos nomes do cinema e televisão em Portugal: “Só correu tudo bem porque ganhei consciência de que a fama é cíclica, dura três semanas”, conta.
Tem dois filhos, de 11 e 8 anos. Como pai tenta equilibrar o tempo em família e considera que é “fascinante” o mundo que se abriu com as novas tecnologias, mas há um uso “abusivo” dos telemóveis e dos ecrãs. “As escolas deviam proibir os telemóveis, contra mim falo que passo fases muito viciado no Instagram e fico mais burro, deixo de saber falar com os outros. Agora obrigo-me a ler”.
Quando olha para trás - para a educação que teve e para os ensinamentos que quer passar aos filhos - tenta fazer um esforço para evitar a “proteção extra”. Talvez seja por isso que trouxe para este “Geração 80” o seu primeiro brinquedo: um carrinho de metal.
“Hoje andamos a oferecer às crianças brinquedos hipoalergénicos e este mini é de metal. Tem uma tinta, provavelmente, de chumbo. E eu ainda estou aqui, vivo”.
O ator e encenador, Afonso Pimentel, é o novo convidado do podcast Geração 80. Nesta conversa conduzida por Francisco Pedro Balsemão, fala sobre a infância, sobre os episódios de bullying na escola e sobre a educação e futuro dos filhos. Ouça aqui a entrevista.
Livres e sonhadores, os anos 80 em Portugal foram marcados pela consolidação da democracia e uma abertura ao mundo impulsionada pela adesão à CEE. Foram anos de grande criatividade, cujo impacto ainda hoje perdura. Apesar dos bigodes, dos chumaços e das permanentes, os anos 80 deram ao mundo a melhor colheita de sempre? Neste podcast, damos voz a uma série de portugueses nascidos nessa década brilhante, num regresso ao futuro guiado por Francisco Pedro Balsemão, nascido em 1980.