Enquanto os holofotes se concentravam na passarela de Louis Vuitton, poucos sabiam que por trás da grandiosidade do evento estava uma empresa portuguesa, que trabalhou “incansavelmente” para transformar as ideias que estavam no papel numa uma estrutura de seis mil metros quadrados em pouco mais de um mês. Foi um autêntico “milagre”, é assim que descreve, à SIC Notícias, o diretor da direção de obra na Flysteel, Luís Pereira.
A previsão inicial era terminar a estrutura a 17 de março. Mas foi em tempo recorde que, no dia 14 de fevereiro, a empresa sediada em Barcelos (Braga) entregou a estrutura concluída para que a Louis Vuitton pudesse montar a iluminação, as bancadas, os palcos, os candeeiros e o som para a apresentação da coleção feminina Outono-Inverno 2024, que decorreu esta terça-feira, na praça do Cour Carrée, no Museu do Louvre.
Tudo começou ainda em dezembro do ano passado, um mês dedicado às negociações, ao orçamento e às trocas de ideias. Tudo a postos, logo na primeira semana de janeiro de 2024 arrancaram com o fabrico em oficina e, a meio ainda desse mesmo mês, começaram a montagem já em França.
“Como nós costumamos dizer, foi um milagre o que nós fizemos ao cliente”, referiu, à SIC Notícias, Luís Pereira, explicando que no momento em que deram o preço ainda nem sabiam para onde, nem para o que iria servir a obra.
Um projeto de raiz transformado num edifício de 13 metros de altura
Quem olha à primeira vista, percebe, desde logo, que em causa está uma obra de grandes dimensões. Mas para quem ainda possa ficar com dúvidas, os números não enganam: uma estrutura num edifício com cerca de 6 mil metros quadrados, com uma elevação de 13 metros de altura.
Para além disso, foi ainda construída uma estrutura autónoma para um lustre, que foi a “peça principal do desfile”, caraterizou o autor da obra.
“Este candeeiro, com 10 toneladas, foi aquilo que realçou o edifício. Era uma coisa enorme e, por isso, foi desenvolvida uma estrutura só para ele".
Quanto aos pré-requisitos, o cliente deixou bastante claro que o edifício teria de ser o mais translúcido possível. E assim foi: todo um edifício “em fachadas em vidro e cobertura em lona acrílica transparente”, descreveu o diretor da obra.
Tudo foi desenvolvido pela Flysteel, garantiu, à SIC Notícias, Luís Pereira, recordando que não havia qualquer projeto, nem sequer maquete. Mas foi com “muito, muito espírito”, que 60 pessoas se envolveram com “entusiasmo” nesta obra made in Portugal, contou ainda o autor da obra que se dividiu entre o território português, ainda na criação do projeto, e território francês, já na montagem.
“Foi uma coisa fora de série. Uma organização bastante restrita, muito apertada, uma coordenação muito exaustiva, mas feita com muita força de vontade e muita coragem”, referiu Luís Pereira.
Portugal pelo mundo
Esta não foi a primeira vez que a Flysteel trabalhou com empresas de renome. O autor da estrutura para o desfile da Louis Vuitton também já fez obras para o Benfica, ou até para entidades relacionadas com o turismo, revelando estar já está habituado a grandes projetos.
Para o futuro (ainda próximo), Luís Pereira já tem planos de continuar a pôr Portugal nas bocas do mundo, contando à SIC Notícias que se está a preparar para iniciar uma obra para um escultor inglês em Palma de Maiorca e uma central numa data center na Noruega.