Pescadores e ambientalistas contestam construção de uma ponte-açude em Aveiro. A obra vai bloquear águas no Rio Novo do Príncipe e impedir a passagem de peixes para desova em águas doces.
A obra, falada há quase 20 anos, começou a ser construída em junho, no Rio Novo do Príncipe, em Aveiro. Em breve vai começar a construção do açude.
A estrutura foi projetada para impedir que a água salgada da ria de Aveiro invada os terrenos agrícolas do Baixo Vouga Lagunar. Mas os pescadores da região dizem que o açude também vai impedir a passagem de peixes para as águas doces do rio Vouga.
Os peixes precisam de se reproduzir em águas doces, mais acima, nos rios Vouga, Águeda e Alfusqueiro.
Quem vive da pesca de rio teme que a ponte-açude, no estuário do Vouga, ponha em risco esse sustento e a conservação de peixes migradores.
Nos afluentes do rio Vouga, há sete anos que está a ser desenvolvido, pela Universidade de Évora, um projeto de restauro de habitat de várias espécies de peixes. O trabalho do Life Águeda, com investimento europeu de 3,3 milhões de euros, pode ficar em causa com a construção do açude.
À SIC, a Agência Portuguesa do Ambiente responde que está previsto realizar-se um estudo que tem de ser entregue até seis meses antes de terminar a obra do açude. Será essa avaliação a ditar se os peixes passam ou se é imprescindível construir-lhes uma passagem.
A Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA) é a responsável pela obra. Garante que o funcionamento hidráulico vai respeitar os períodos de migração das espécies, e que as comportas serão abertas quando necessário.
O estudo de impacte ambiental que deu luz verde à obra foi feito em 2003, há mais de 20 anos.
Pescadores e ambientalistas pedem a este Governo que faça um novo estudo, reavalie a intervenção e refaça o projeto, de forma a incluir uma passagem para peixes e a garantir assim a conservação das espécies migradoras.