A maioria dos portugueses considera que “Portugal deve celebrar o 25 de Abril, mas também deveria celebrar o 25 de Novembro”, conclui a sondagem do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL) para a SIC e o Expresso, que avaliou "as atitudes dos portugueses em relação ao 25 de Abril de 1974 e às mudanças sociais e políticas ocorridas nos últimos 50 anos”.
No entanto, cerca de um terço dos inquiridos (32%) é da opinião que o 25 de Abril deve ser celebrado, mas o mesmo não deveria suceder com o 25 de Novembro.
Há poucas diferenças nas respostas do ponto de vista sociodemográfico. Os autores do estudo apontam a maior variação de acordo com o conforto financeiro: entre os inquiridos que dizem viver sem dificuldades com o rendimento do seu agregado familiar a concordância com a celebração das duas datas é menor do que entre aqueles que dizem ter mais dificuldades.
Já do ponto de vista sociopolítico, não há diferenças assinaláveis entre os simpatizantes dos três partidos mais votados nem comparando a posição ideológica.
Além disso, a maioria dos inquiridos (68%) neste estudo defende que o atual modelo de comemoração oficial — na Assembleia da República, com a participação de representantes dos partidos políticos e outras altas figuras da nação — ainda faz sentido, enquanto 27% consideram-no ultrapassado.
Celebrar ou não celebrar?
O tema entrou na agenda mediática em outubro de 2023, quando o então presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, anunciou que os 50 anos da operação militar de 25 de novembro de 1975 estavam fora do programa oficial das comemorações parlamentares dos 50 anos do 25 de Abril.
Já sob a alçada do social-democrata José Aguiar-Branco, a questão voltou a ser levantada na conferência de líderes do passado dia 28 de março: A IL propôs que o 25 de Novembro seja integrado nas celebrações deste ano, ideia apoiada por Chega e CDS.
Já o PCP "defendeu que o que interessa comemorar é o 25 de Abril" enquanto o Bloco de Esquerda considerou que as duas datas "não são comparáveis".
O PS "lembrou que a celebração do 25 de Novembro não tinha reunido consenso e que o calendário das comemorações estava definido", admitindo, no entanto, "revisitar a questão".
O mesmo considerou o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, adiantando que ia "recolher informação junto do secretário-geral".
Ficha Técnica
. Estudo coordenado pelo ICS e pelo ISCTE
. Universo de indivíduos de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal, selecionados através do método de quotas
. Informação recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos
.Trabalho de campo realizado pela GfK Metris entre 20 de março e 4 de abril de 2024
. Contactados 4239 indivíduos elegíveis
. 1206 entrevistas válidas
. Margem de erro máxima de +/- 2,8%, com um nível de confiança de 95%