A maioria dos portugueses dizem que a vida em Portugal está melhor do que antes do 25 de Abril, mas consideram que o país está pior em matéria de corrupção e criminalidade.
A conclusão é de uma sondagem do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL) para a SIC e o Expresso, que avaliou "as atitudes dos portugueses em relação ao 25 de Abril de 1974 e às mudanças sociais e políticas ocorridas nos últimos 50 anos”.
A saúde é considerada uma das principais conquistas de Abril, com 74% dos inquiridos a considerar que a assistência médica melhorou desde os anos pré-ditadura.
O nível de vida em geral também está melhor para a maioria dos inquiridos (71%), assim como a educação (71%), a segurança social (68%), a situação económica (62%), a proteção do ambiente (60%) e a convivência social e civismo (57%).
Já no que diz respeito às desigualdades sociais e às desigualdades entre regiões, 50% dos inquiridos consideram que a situação está “na mesma” ou “pior”.
Há, por outro lado, dois aspetos relativamente aos quais a maioria dos inquiridos consideram que Portugal está pior do que antes do 25 de Abril: a corrupção e a criminalidade/segurança.
A proporção de inquiridos que apontam melhorias aumentou este ano face a 2014 em todos os domínios, mas há exceções.
No caso da habitação, por exemplo, enquanto há 20 anos 61% apontavam melhorias face ao período antes da Revolução, há dez anos esse valor aumentou para 74%. Já este ano, apenas 47% defendem que o país está melhor em matéria de habitação.
Quanto ao desemprego, tanto em 2004 como em 2014 apenas 7% defendiam que o país estava melhor do que antes do 25 de Abril. Este ano a percentagem sobe para 34%, com 42% dos inquiridos a considerar que o país está pior no que concerne ao desemprego.
A sociedade mudou muito desde o 25 de Abril?
À pergunta "até que ponto pensa que a sociedade portuguesa mudou desde o 25 de Abril?" pouco menos de metade dos inquiridos (45%) responderam “muito” e 39% ficam-se pelo “bastante”. Apenas 1% defende que a sociedade não mudou nada, enquanto 13% consideram que as mudanças são poucas.
A maioria das pessoas questionadas por este estudo (56%) considera que essas mudanças foram “mais positivas do que negativas”.
Por outro lado, 9% dos inquiridos defendem que as mudanças foram “mais negativas do que positivas”. Outros 35% falam em mudanças “tão positivas como negativas”.
E se a Revolução dos Cravos nunca tivesse acontecido? 73% dos inquiridos consideram que as mudanças que veem na sociedade portuguesa “só aconteceram por causa do 25 de Abril”, enquanto 20% afirmam que “teriam acontecido na mesma”.
Ficha Técnica
. Estudo coordenado pelo ICS e pelo ISCTE
. Universo de indivíduos de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal, selecionados através do método de quotas
. Informação recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos
.Trabalho de campo realizado pela GfK Metris entre 20 de março e 4 de abril de 2024
. Contactados 4239 indivíduos elegíveis
. 1206 entrevistas válidas
. Margem de erro máxima de +/- 2,8%, com um nível de confiança de 95%