País

Análise

“Portugueses que ganham 900€ e vão ter 1€ a mais não vão sentir alívio fiscal”

A polémica descida de IRS, apresentada esta sexta-feira pelo Governo, esteve em análise na SIC Notícias. Luís Leon, Sebastião Bugalho, José Gomes Ferreira e Ricardo Costa comentam os impactos, económicos e políticos, da medida.

Loading...

O fiscalista Luís Leon afirma que um “conjunto muito grande de contribuintes portugueses” não vai encontrar grande diferença, após a redução fiscal anunciada pelo Governo. Em comentário, na SIC Notícias, o fiscalista nota que a redução do IRS apenas oscila “entre 72 cêntimos e 46 euros por mês”.

Luís Leon considera que o Executivo de Luís Montenegro “não fez as fórmulas matemáticas todas” e, por isso, também “não se apercebeu” de que “ao mudar a taxa do 1.º escalão de IRS, reduz o mínimo de existência”.

“Aumenta o rendimento tributado, apesar de baixar a taxa, neste patamar, que, por infelicidade do país, está um conjunto muito grande de contribuintes portugueses.”

“Convém o governo da AD começar a dar menos tiros nos pés", afirma o fiscalista que, nesta matéria, considera que se pode aprender com o anterior Governo do PS, que, diz “era extraordinário na comunicação”.

José Gomes Ferreira, da SIC, ressalva que é a primeira vez, em muito tempo, que um Governo apresenta uma proposta de redução fiscal em tão poucos dias de governação e que há que dar crédito ao Executivo por isso. “De facto, estão a fazer coisas”, constata.

No entanto, aponta José Gomes Ferreira, o Governo “continua a não ser capaz de reconhecer” que 1200 milhões do alívio fiscal que aplicam vêm já da descida fiscal que o PS tinha apresentado.

“É um erro de comunicação que continua”, refere.

“Autoestrada" para IL? “PSD pode perder as europeias”

Sebastião Bugalho, comentador da SIC, nota que “a vida é difícil para o Governo” porque o país já está “em campanha eleitoral” para as europeias e, deste modo, a oposição “não tem espaço para não cobrar” ao PSD.

“O facto de o alívio fiscal ser modesto torna mais fácil para a imposição impor-se no Parlamento”, defende.

Sebastião Bugalho afirma ainda que o Governo “não pode deixar promessas e expectativas para depois”, porque “as pessoas não acreditam que esta legislatura vá até ao fim”.

Ricardo Costa, da SIC, lembra que a campanha eleitoral para as legislativas fez-se “entre duas coisas muito difíceis de compatibilizar: prometer baixar impostos e prometer aumentar a despesa fixa”, respondendo às reivindicações de grupos profissionais como os professores, os médicos, os polícias e os militares

“Esse é um dos problemas”, sublinha, acrescentando que “se tivessem entrado ministros da IL no Governo, tinham saído agora. Já lá não estavam.”

Ricardo Costa frisa ainda que chegar às eleições europeias desta confusão fiscal é uma “autoestrada para a IL”.

“Se a IL crescer e o Chega manter [a votação das últimas eleições], o PSD pode perder", alerta, sublinhando como isso não seria bom para um Governo que acaba de ganhar eleições com vantagem mínima.

Últimas notícias
Mais Vistos
Mais Vistos do