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Análise

Operação Influencer: perda de recurso é "derrota pesadíssima" do MP?

Bernardo Ferrão, José Gomes Ferreira e Sebastião Bugalho da SIC analisam o acórdão do Tribunal da Relação, que desmonta, quase por completo, os argumentos do Ministério Público no que diz respeito à atuação do ex-primeiro-ministro António Costa.

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No dia em que se ficou a saber que o Tribunal de Relação não viu evidências de favorecimento de António Costa, na Operação Influencer, os comentadores da SIC analisam as consequências desta conclusão da investigação.

O acórdão do Tribunal da Relação, que tanto está a dar que falar esta quarta-feira, não só aliviou as medidas de coação aplicadas aos amigos de António Costa, Diogo Lacerda Machado e Vítor Escária, como praticamente anula as suspeitas que recaiam sobre o ex-chefe de Governo.

Na opinião de Bernardo Ferrão, o Ministério Público (MP) teve “uma pesadíssima derrota”,

Acrescenta ainda que: “O que é dito aqui pelos [juízes] desembargadores, é que da parte de António Costa não há aqui nada que o levasse a estar desta forma envolvido em todo este processo."

“Parece que há muita incompetência e muita irresponsabilidade do Ministério Público. Eu olho para isto e quase que apetece concluir que o MP pode ser apontado como também responsável da queda do Governo e da eleição de 50 deputados do Chega - que o partido aproveitou toda a confusão gerada depois deste Processo Influencer”, afirma o comentador.

O nome de António Costa tem sido apontado para o Conselho Europeu, mas as suspeitas do Ministério Público em torno do primeiro-ministro transformaram-se num obstáculo, que pode ter sido esta quarta-feira ultrapassado.

Esta quarta-feira o Presidente da Republica afirmou: “Tenho a sensação de que começa a ser mais provável haver um português no Conselho Europeu, no próximo outono, em Bruxelas.”

“No limite o que está a dizer o Presidente da República é que o MP é bom que se apresse, porque senão também será responsável pela não ida de António Costa para a presidência do Conselho Europeu”, acrescenta.

Tribunal da Relação: “Factos apurados não são, só por si, crime”

A opinião de Sebastião Bugalho, sobre dos desenvolvimentos da Justiça conhecidos esta quarta-feira, é semelhante à do seu colega de painel.

“Fazendo um sumário simplista daquilo que se está a passar: a operação chama-se Influencer, mas pelos vistos ninguém influenciou nem foi influenciado, portanto a sessão de vazio é grande”, afirma o comentador.

Acrescenta ainda que “os poderes políticos também têm de ter alguma precaução na forma como vão interagir, na forma como a Justiça claramente está em guerra consigo própria.”

“O Governo caiu por suspeitas de um crime e, desde que o Governo caiu, todas as instâncias judiciais que se pronunciaram sobre a operação dizem que não houve crime”, corrobora o comentador.

Finaliza ainda: “É com algum constrangimento cívico que os portugueses vão ler estas notícias.”

Para José Gomes Ferreira, da SIC, aquilo que é concluído na Relação sobre a referência a António Costa no despacho de indiciação “não é novidade”.

“O que estava no despacho de indiciação já dizia isso, que ele era apenas referido, não influenciou ninguém”, explica José Gomes Ferreira, acrescentando que o MP não é “desprovido de bom senso”.

Acrescenta: “Aquilo que estava no despacho de indiciação foi o que permitiu as buscas, e é que está a ser apreciado pela Relação. O que está a ser carreado e ainda está a ser analisado são três capítulos de um processo maior.”

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