Desporto

Continuidade ou mudança: quem são os candidatos ao trono do FC Porto

É já no próximo sábado que o FC Porto vai a eleições. Jorge Nuno Pinto da Costa, André Villas-Boas ou Nuno Lobo apenas um irá assumir o cargo de presidente de um dos maiores clubes portugueses.

Continuidade ou mudança: quem são os candidatos ao trono do FC Porto
Rafael Ferreira

A poucos dias do ato eleitoral, fazemos uma viagem pelo perfil dos candidatos à presidência do Futebol Clube do Porto.

A primeira paragem é no percurso do atual presidente, o histórico Pinto da Costa.

Jorge Nuno Pinto da Costa

Reprodução Facebook

À frente dos destinos portistas desde 1982, Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa apresenta-se a eleições com o objetivo de obter o 16.º mandato presidencial.

Influenciado pelo tio Armando Pinto, um entusiasta de futebol e antigo presidente do FC Famalicão, Jorge Nuno Pinto da Costa começou a interessar-se pelo desporto rei. Aos 8 anos, foi pela primeira vez ao estádio ver um FC Porto x Sporting de Braga, no saudoso Campo da Constituição.

O FC Porto foi paixão à primeira vista. Aos 16 anos, em dezembro de 1953, a avó materna inscreveu-o como sócio do clube ‘azul e branco’. Aos 20, aceita o convite do responsável pela secção de hóquei em patins para ocupar o lugar de vogal.

Em 1969, é convidado por Afonso Pinto de Magalhães a integrar a sua lista para as eleições desse ano, como diretor das modalidades amadoras. Foi a primeira vez que Pinto da Costa assumiu um cargo eleito no FC Porto, onde ficou de 1969 a 1971.

Cinco anos depois, acaba por regressar ao dirigismo desportivo. Em conversa com o então presidente Américo de Sá, comprometeu-se a integrar a sua lista nas eleições seguintes como diretor do departamento de futebol.

Ainda antes do ato eleitoral, negociou com o treinador José Maria Pedroto o regresso ao clube portista, onde já havia sido jogador e treinador.

Em maio desse mesmo ano, regressou à direção do FC Porto. Como diretor do futebol e com Pedroto a orientar a equipa de futebol, conseguiu quebrar um jejum de 19 anos sem vencer um campeonato nacional. Apesar do sucesso, Pinto da Costa e José Maria Pedroto acabariam por deixar o clube em 1980.

O regresso em definitivo

Em dezembro de 1981, o clube não estava a atravessar uma boa fase. Um grupo de sócios uniu-se com o intuito de convencer Pinto da Costa a candidatar-se à presidência. Apesar de um "sim" demorado, aceitou o desafio e convidou o “parceiro” Pedroto para voltar a assumir o comando técnico da equipa principal.

Assim, nas eleições de 17 de abril de 1982, em que a sua lista foi a única a sufrágio, Pinto da Costa, tornou-se no 33.º presidente do FC Porto, até aos dias de hoje.

E o resto é história. Em 41 anos sob a sua presidência, o clube 'azul e branco' conquistou mais de 1 340 títulos nas diversas modalidades.

Em 7 de junho de 2020 foi reconduzido novamente como presidente do FC Porto, com 68,65% dos votos, para o 15.º mandato.

Em 2024, tem como opositor André Villas-Boas, o homem que contratou em 2010 para assumir o comando técnico da equipa de futebol portista.

André Villas-Boas

Guillaume Ruoppolo - OM

Aos 16 anos, escreveu uma carta ao então treinador do FC Porto, Bobby Robson, dando sugestões de como poderia aumentar o rendimento de Domingos Paciência, o seu ídolo da juventude. Este contacto com o técnico inglês fez com que ajudasse Villas-Boas a conseguir as suas credenciais de treinador, apesar de, com apenas 17 anos, a lei não o permitir.

Começou a trabalhar nos escalões de formação do clube ‘azul e branco’, mas aos 21 anos tornou-se diretor técnico da seleção das Ilhas Virgens Britânicas.

De regresso à Invicta, treinou as camadas jovens até à chegada, um ano depois, de José Mourinho, que o conheceu dos tempos de Robson e, sabendo das suas capacidades, pediu-lhe para ser seu observador.

Durante cinco temporadas, entre 2003 a 2008, fez parte do êxito de Mourinho no FC Porto e Chelsea, analisando adversários, com uma análise detalhada de jogadores.

Em outubro de 2009 foi anunciado como treinador principal da Académica de Coimbra, tornando-se, aos 31 anos, num dos técnicos mais jovens de sempre a ocupar essa função.

Depois de uma excelente temporada à frente da Briosa, em junho de 2010, Villas-Boas assume a “cadeira de sonho” e torna-se treinador da equipa principal do FC Porto, substituindo Jesualdo Ferreira. Em apenas uma temporada, a formação portista conquistou uma Supertaça Cândido de Oliveira, um Campeonato Nacional, uma Liga Europa e uma Taça de Portugal.

No final da época 2010/11, “seguiu as pisadas" do mestre Mourinho e rumou aos ingleses do Chelsea.

Passou ainda pelos ingleses do Tottenham, os russos do Zenit de São Petersburgo, os chineses Shanghai Port e os franceses do Marselha, a sua última equipa, entre 2019 e 2021.

Pelo meio, em 2018, Villas-Boas aventurou-se no mundo do automobilismo ao participar no Rali Dakar. Porém, um acidente na quarta etapa obrigou-o a abandonar a prova.

Em 2024, depois da cadeira, André Villas-Boas busca o “cargo de sonho” e enfrenta Pinto da Costa na luta pela liderança do FC Porto.

Nuno Lobo

Site Candidatura de Nuno Lobo

Um repetente nestas andanças.

Empresário e professor universitário, Nuno Lobo apresenta-se a eleições no FC Porto pela segunda vez.

Em 2020, conquistou 4,91 por cento da preferência dos sócios portistas, ficando atrás do vencedor Pinto da Costa (68,65 por cento) e de José Rio (26,44 por cento).

Nuno Lobo volta a apresentar Luís Barradas e Heleno Roseira como cabeças de lista à Mesa da Assembleia Geral e ao Conselho Fiscal e Disciplinar, respetivamente, para o quadriénio 2024-2028.

Miguel Brás da Cunha

O mais desconhecido dos quatro candidatos, mas não é “novato”.

Tal como nas eleições de 2020, o advogado e professor universitário encabeça uma lista autónoma para o Conselho Superior do FC Porto.

No último ato eleitoral, conseguiu eleger três membros para o organismo portista, agora, nas eleições que se avizinham, espera aumentar esse número.

Dragão vai ter 44 mesas de voto

As eleições do próximo sábado vão decorrer em 44 mesas de voto instaladas no Estádio do Dragão. Entre as 9:00 e as 20:00, o perímetro em torno do recinto será de acesso exclusivo aos sócios do FC Porto, que não podem entrar na fila para votar depois desse período. Quem estiver na fila à hora limite, pode votar.

O universo eleitoral será constituído por sócios com, pelo menos, um ano ininterrupto na categoria sénior, ou com antiguidade inferior a um ano nessa condição, mas que tenham sido previamente admitidos como júnior, benemérito e honorário e totalizem, no mínimo, um ano completo, envolvendo igualmente aqueles que estiverem na classe sénior atleta.

Sócios correspondentes, menores de 18 anos, com quota de março em falta ou que não tenham feito o processo de renumeração não podem participar nas eleições, tal como os não sócios, estando inviabilizado o voto antecipado, à distância ou por correspondência.

A lista vencedora para cada um dos três órgãos sociais executivos e os membros eleitos, pelo método de Hondt, para o único órgão consultivo são proclamados pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral, José Lourenço Pinto, no site oficial do clube, imediatamente após o apuramento dos resultados, estando a tomada de posse prevista até 13 de maio.

Em conformidade com os pressupostos estatutários, foram certificadas as listas lideradas pelo atual presidente, Pinto da Costa (lista A), pelo ex-treinador da equipa principal de futebol André Villas-Boas (B), pelo docente e empresário Nuno Lobo (C), que prescindiu de concorrer ao Conselho Superior, e pelo advogado e professor universitário Miguel Brás da Cunha (D), cujo movimento independente se limitará ao órgão consultivo.

As eleições do FC Porto voltam a reunir quatro candidaturas, tal como em 2020, quando Pinto da Costa, que lidera o clube desde abril de 1982 e tornou-se o dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial, foi reeleito para um 15.º mandato consecutivo.

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