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Entrevista SIC Notícias

Aguiar-Branco diz ser um "gerador de consensos" e garante não discriminar grupos parlamentares

O novo presidente da Assembleia da República admite que o impasse para a eleição podia ter sido evitado, mas enaltece os desbloqueadores do mesmo. Na SIC Notícias, o antigo ministro da Defesa e deputado do PSD promete "equidade e rigor".

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José Pedro Aguiar-Branco, o novo presidente da Assembleia da República, garante que não vai discriminar grupos parlamentares. Em entrevista à SIC Notícias, reconhece que o início da legislatura passou uma “imagem pouco bonita”, mas diz-se satisfeito com a solução. Considera ainda que Francisco Assis tem o perfil ideal para assumir o cargo daqui a dois anos.

Lealdade, equidade, rigor e respeito. São as garantias deixadas pelo novo presidente da Assembleia da República, eleito esta quarta-feira, à quarta tentativa.

Aguiar-Branco, que se apresenta como um “gerador de consensos", reconhece que "era melhor que não tivesse acontecido" o impasse, até porque era “mais saudável para a imagem do Parlamento”, mas garante não ter a "autoridade diminuída" por ter sido eleito apenas na quarta votação, com a ajuda do PS.

“A aritmética é o que é, é preciso consensos. Foi possível alcançá-lo a bem do funcionamento das instituições democráticas”, afirma.

O novo presidente da casa da Democracia garante que vai ter um registo de "rigor e respeito” com todos os deputados.

“A Assembleia da República tem 230 deputados, todos eles eleitos em sufrágio direto e universal. Merecem o mesmo respeito. A minha relação será com os outros 229 deputados com registo de lealdade, equidistância, rigor e respeito”, declara.

Acordo entre PS e PSD “dignificou” arranque da legislatura

Em relação ao acordo entre o PS e o PSD, que decidiram por uma presidência partilhada, acredita que não tenha custos políticos, uma vez que permitiu “desbloquear o impasse” que deriva de uma “geometria de quem não tem maiorias absolutas”, ou seja, com mais partidos.

Para Aguiar-Branco é um acordo “positivo”, que vai permitir o “normal funcionamento” da Assembleia da República.

Depois do PS e do PSD “terem sido adultos”, permitindo desbloquear o impasse, o também deputado do PSD espera que “todos os partidos e deputados tenham esse sentido de maturidade e responsabilidade”.

Apesar de a imagem “não ter sido a melhor” na pré-eleição, a solução encontrada “dignificou” o arranque da legislatura, considera.

E a relação com o Chega?

Questionado sobre como vai lidar com a bancada parlamentar do Chega, que bloqueou a sua eleição (até já não conseguir bloquear mais), Aguiar-Branco destaca que não vai discriminar deputados nem grupos parlamentares.

“Não faço distinção entre deputados. É isso que se espera e deseja. É essa função de um presidente da Assembleia da República."

Sobre a eleição de Diogo Pacheco de Amorim para vice-presidente da AR diz ser “igual à de qualquer outro deputado”.

“Não antecipo preocupações nem problemas”

O antigo ministro da Defesa não antecipa preocupações nem problemas. Também não faz avaliações do passado nem previsões. Cada presidente da Assembleia da República tem a sua maneira de ser e a sua forma de avaliar situações, sinaliza.

Mas se houver alguma turbulência que o obrigue a “cumprir o regimento”, garante que o fará.

Na SIC Notícias, não antecipa um mandato complicado, antecipa apenas um mandato condicionado por “uma Assembleia com esta geometria”, diferente da habitual. “Quando me candidatei, sabia que era esta a geometria”, afirma.

E em algum momento pensou recuar? A resposta sai prontamente: “Em nenhum”.

“A democracia obriga à participação, exige que estejamos disponíveis para poder assumir os cargos. Quando me candidatei, candidatei-me para que possa participar ativamente no destino do meu país”, salienta.

Para Aguiar-Branco, "o interesse nacional é uma legislatura de quatro anos". "Fomos eleitos para quatro anos, a expectativa do povo português é que seja possível governar quatro anos", sublinha.

Francisco Assis tem “perfil, estatuto e experiência” para o cargo

José Pedro Aguiar-Branco acredita que o deputado socialista Francisco Assis, que recusou confirmar se será candidato, tem o perfil ideal para assumir o cargo de presidente da Assembleia da República daqui a dois anos.

“Tem o perfil, acho que tem o estatuto, conhecimento e experiência para ser um bom presidente”, afirma.

Eleição de José Pedro Aguiar-Branco

Aguiar-Branco foi esta quarta-feira eleito presidente da Assembleia da República com 160 votos a favor, à quarta tentativa.

À mesma eleição, concorreu o deputado do Chega Rui Paulo Sousa, que obteve 50 votos. Registaram-se ainda 18 votos brancos, numa votação em que participaram 228 dos 230 deputados.

Ao final da manhã, o PS e o PSD anunciaram um acordo que prevê que os sociais-democratas só presidirão ao Parlamento nas primeiras duas sessões legislativas, até setembro de 2026, e os socialistas indicarão um candidato para o resto da legislatura.

Os votos obtidos pelo antigo ministro da Defesa, 160, é ligeiramente superior à soma das bancadas do PSD, PS e CDS-PP (158).

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