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Mais de uma dezena de famílias, por dia, pede ajuda com crédito à habitação

A DECO, associação que defende os direitos dos consumidores, está a receber muitos pedidos de apoio. As famílias não conseguem fazer face às despesas com a casa e o aumento do desemprego pode agravar a situação.

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A DECO - Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor recebe 10 a 15 pedidos de ajuda por dia relacionados com crédito à habitação. Os dados mais recentes mostram que o endividamento das famílias aumentou em fevereiro deste ano, numa altura em que o preço das casas continua elevado.

Nos últimos três meses de 2023, o preço mediano do metro quadrado, em Portugal, ficou acima dos 1600 euros. Um aumento de 8,6% face ao mesmo período do ano anterior.

Não se trata da média, mas sim da mediana - o valor que está exatamente no meio, entre o mais alto e o mais baixo, registado nesse período.

"Apesar do número de transações de imóveis que se realizaram em 2023 se ter reduzido, os preços continuam a aumentar. A um ritmo mais lento, em comparação com o que estava a acontecer em 2022, mas ainda assim continua a ser um aumento. Ou seja, estão-se a vender ou a transacionar menos imóveis, mas mais caros", explica Nuno Rico, especialista da DECO.

Essa tendência não se verifica, contudo, em todo o lado. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que todos os municípios da Grande Lisboa, a maioria dos concelhos da Península de Setúbal e os da Área Metropolitana do Porto tiveram, no último trimestre de 2023, uma desaceleração do preço mediano da habitação.

Ainda assim, continuam a ser regiões onde é caro viver e várias delas mantêm os preços mais elevados de todo o país. É o caso de Lisboa, Cascais, Oeiras e Porto. Zonas onde, para muitas famílias, é difícil comprar casa - e para algumas é até impossível.

"Os orçamentos familiares estão a sentir ainda muita pressão, não tem havido alívio quer do lado dos juros, quer do lado da inflação”, nota Nuno Rico.

O especialista da DECO afirma que se, nos próximos meses, se registar “um aumento do desemprego”, como os dados têm apontado, é possível que aumente o número de famílias “que têm dificuldades em cumprir com os seus contratos de crédito".

Os números do Banco de Portugal, divulgados esta terça-feira, mostram que o endividamento das famílias continua a aumentar.

A DECO, aponta Nuno Rico, está a ter uma média de cerca de “10 a 15 pedidos diários” de ajuda, relacionados com o crédito à habitação.

"Não estamos a falar só de famílias que estão em sobreendividamento, mas, sim, famílias que nos contactam à procura de ajuda ou orientação para tentar continuar a cumprir os seus contratos de crédito. Muitas vezes, para pedirem ajuda para renegociar o crédito ou porque já contactaram o banco e o banco deu uma resposta negativa", afirma.

Meio milhão de contratos estiveram à beira do incumprimento em 2023. O número quadruplicou face ao ano anterior.

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