Abusos na Igreja Católica

Abusos sexuais na Igreja: "Ausência de resposta assertiva pode levar à revitimização"

Mauro Paulino, psicólogo e comentador da SIC, fala sobre o sentimento de culpa que foi atribuído às vítimas e que a ausência de uma resposta assertiva da Justiça pode levar à à revitimização.

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A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica recebeu 512 testemunhos validados relativos a 4.815 vítimas desde que iniciou funções em janeiro de 2022. Para o Ministério Público, foram enviados 25 casos.

O psicólogo Mauro Paulino considera que a ausência de uma "resposta assertiva" da justiça pode levar à revitimização, um fenómeno decorrente do sofrimento continuado ou repetido da vítima de um ato violento.

"A ausência de uma resposta assertiva por parte da justiça pode ser uma espécie de revitimização... Ao fim de alguns anos quebraram o silêncio, tiveram a coragem de vir colocar em palavras todo aquele sofrimento e as experiências traumáticas que tiveram na infância", afirma na SIC Notícias.

O comentador da SIC afirma que a forma como a Igreja Católica e a Justiça lidam com o caso pode ser "transformador" e levar a que mais vítimas tenham coragem para revelar os abusos que sofreram.

Mauro Paulino fala na "esperança e expectativa" colocada sobre a Justiça, que terão de ser correspondidas "na forma como estas vítimas vão ser tratadas e não existir uma tendência de tentar descredibilizar as vítimas".

Defende que devem ser esgotados todos os meios de investigação para garantir que estas vítimas possam sentir que foram, "de alguma forma", recompensadas "e não revitimizadas".

O psicólogo fala ainda no sentimento de culpa que algumas das vítimas confessaram ter: "Foi um sentimento de culpa que lhes foi transmitido de geração em geração. Alguns dos testemunhos até remetem aqui para ausência de apoio da família porque não se colocava em causa o senhor padre (…) Havia uma atribuição de culpas ou até mesmo provocação a estas crianças e isto leva a um maior sofrimento psicológico".

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