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Análise

Operação Influencer: procuradora-geral da República "eventualmente deveria demitir-se"

Luís Delgado analisa os novos desenvolvimentos da "Operação Influencer" e diz que o mais preocupante é que esta operação teve consequências graves e afinal "não havia crime".

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No prefácio escrito por António Costa, para um livro de Eurico Brilhante Dias, o ex-primeiro-ministro considera que a "ocasião fez a decisão" de o Presidente da República pôr termo "prematuramente" à anterior legislatura e que a direita andava em busca de pretexto para a dissolução do Parlamento. Luís Delgado diz que estas são palavras de um homem “magoado, irritado a desconsolado”.

O comentador SIC chama a atenção para o acórdão do Tribunal da Relação.

“O que está aqui em causa, diz o Tribunal da Relação no seu acórdão, é que perante aqueles factos, aquelas evidências que não passavam de especulações e de coisas desse tipo, não deveria ter existido uma ordem para se desencadear aquela operação. Deveriam ter investigado mais profundamente (…) no sentido de ter factos reais, provas, indícios sérios de que poderiam fazer e o que o Tribunal da Relação diz é ‘não existia’, ou seja, essa operação deitou abaixo o primeiro-ministro, o Governo e uma maioria absoluta sem ter bases para o fazer.”

Luís Delgado questiona ainda “como é que é possível que isto deixe de acontecer no nosso país” e refere que nos “devemos concentrar no futuro”.

O comentador alerta para o facto de ninguém na Procuradoria do Ministério Público se responsabilizar pelo que aconteceu e diz que alguém se devia chegar à frente e dizer “peço desculpa, vou pedir a demissão. Isto correu mal, isto não estava certo”. E acrescenta que esta questão é ainda mais preocupante porque “não havia crime”.

“A procuradora tem que falar sobre isto, a procuradora eventualmente deveria demitir-se, (…) não pode continuar em silêncio", afirma.

Luís Delgado refere que a Procuradoria e o Ministério Público vão continuar a investigar mas diz que era o que deviam ter feito antes “até terem factos provados ou sérios (…) que pudessem levar às consequências que levaram, como o início das buscas na residência do primeiro-ministro" e "o parágrafo do comunicado da procuradora-geral da República”.

Luís Delgado diz que esta situação não foi culpa nem do Presidente da República que “teve que agir nas circunstâncias”, nem foi culpa de António Costa que perante as circunstâncias “tinha que apresentar a demissão e”, consequentemente “arrastar do Governo” com ele.

“Agora é evidente que António Costa e todos os ministros, ex-ministros e toda a maioria absoluta e todos os portugueses de todos os partidos se devem sentir um pouco inquietos com esta situação", acrescenta.

Em relação à polémica do IRS, o comentador da SIC diz que o debate de urgência no Parlamento serviu a todos os partidos menos à AD.

“Era um debate que estava mal para eles desde o princípio, não era só um debate na Assembleia da República como um debate público, era um debate mediático no sentido de dizermos que não devia ter feito isso, deviam ter sido claros, diretos, concisos e precisos, porque isso é que são as bandeiras ou foram as bandeiras usadas em campanha e quando tomaram posse no Governo”

Governo não vai sair por cima na polémica do IRS

Luís Delgado analisa também o Conselho de Ministros e as medidas de redução do IRS que estão esta sexta-feira em destaque e diz que não há forma de o Governo sair destas polémicas por cima.

"A narrativa do Governo não foi no sentido de dizer ‘lamento imenso ouve uma confusão’ (…), não tem sido essa narrativa" até pelo “contrário ‘nós sempre dissemos, nós sempre tivemos e por isso já não haverá essa inversão’.”

Acrescenta que a única coisa que “vamos saber deste Conselho de Ministros é se, afinal, são 200 ou 300 milhões ou se haverá outras medidas que poderão rapidamente também ajudar em relação à ao IRS” e que este Conselho pode ser importante para ultrapassar a polémica.

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