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Amorim tem de voltar sábado a Inglaterra

Opinião de João Rosado. Seja como for, na véspera do clássico com o FC Porto, tem de arranjar maneira de chegar ao Estádio Olímpico de Londres...
Amorim tem de voltar sábado a Inglaterra
PEDRO NUNES

Impensável, diriam muitos. Se na véspera de um clássico que pode deixar o Sporting a uma vitória do título Rúben Amorim voltasse a voar para Inglaterra, se calhar já nem tinha condições para regressar.

O treinador leonino aterrou ontem em Londres e quase todas as informações denunciam uma primeira ronda de negociações com os responsáveis do West Ham, na sequência da notícia do “The Athletic” lançada na manhã desta segunda-feira.

Quando nada o fazia prever, parece que o futuro de Amorim pode balançar entre os “Hammers” e o Liverpool, com a particularidade de estes dois emblemas se defrontarem no próximo sábado, dia em que os sócios do FC Porto escolhem o novo presidente e dia em que Sérgio Conceição inicia o estágio com vista ao braço de ferro marcado para domingo.

Como é fácil imaginar, na impossibilidade (na irrazoabilidade) de se deslocar ao fantástico London Stadium para presenciar ao vivo o duelo entre David Moyes e Jurgen Klopp, o treinador do líder da Liga portuguesa, esse, já tem o seu superclássico garantido na TV antes do sempre apaixonante 31 (número da jornada...) no Dragão.

Nesta altura do campeonato, resta saber qual deles vai arregalar mais os olhos do jovem míster que Frederico Varandas foi buscar há quatro anos a Braga. A precisar de seis pontos para assegurar o segundo título nacional, Rúben vive há algum tempo num conto de fadas que não tem paralelo com as aventuras que ainda esperam Moyes e Klopp na Premier League.

Os companheiros de Diogo Jota estão igualados com o Arsenal no topo, com mais um ponto e... mais um jogo disputado que o Manchester City, sendo que o calendário lhes reserva cinco compromissos de elevado grau de risco. Para começar, jogam amanhã no Goodison Park o dérbi eterno frente ao Everton e só depois disso iniciarão o trabalho visando uma espécie de miniciclo diante de adversários da capital, uma vez que o Tottenham consta igualmente do caderno de encargos dos “Reds” antes da deslocação ao Villa Park.

NÃO MATA MAS MOYES

Claro que só um milagre permitirá a Unai Emery arrebatar ao compatriota Pep Guardiola o ceptro inglês, no entanto, o Aston Villa-Liverpool marcado para 13 de maio poderá ser bastante influenciador das contas finais, com o City a fechar a defesa do trono com uma receção ao... West Ham.

David Moyes termina contrato em junho próximo e seria espantoso que o desfecho da 38.ª ronda definisse a sua renovação. Vencedor da Liga Conferência na época transata (sucedeu a José Mourinho nesse âmbito), o também antigo responsável do Manchester United prepara-se para concluir a quinta época na capital britânica sem outra proeza além da eventual qualificação para as provas europeias de segunda categoria.

A dois pontos do United e com um de avanço sobre o Chelsea (que defronta no próximo dia 5), o West Ham dedica os sonhos ao apuramento para a Liga Europa, o que poderia permitir recriar a melhor classificação de sempre sob o comando do putativo antecessor de Rúben Amorim. Em 2020/21, na última temporada em que o Sporting se sagrou campeão, os “hammers” martelaram grande parte das previsões e lograram um sexto lugar, deixando para trás os endinheirados Tottenham e Arsenal.

Nem antes nem depois o escocês conseguiu melhor. Ainda obteve um sétimo lugar na temporada seguinte (2021/22) e depressa voltou ao registo normal graças ao 14.º posto a que foi condenado na última época, quase igualando a desagradável classificação (16.º) de 2019/2020.

Independentemente do sublinhado feito continental, a expensas da Fiorentina, não é preciso fazer um grande esforço para se perceber por que motivo o bilionário David Sullivan se terá interessado pelo nome da moda em Inglaterra, aproveitando, quiçá, a circunstância de nada ter de pagar ao experiente técnico.

DOIS ROOM...ÂNTICOS

Em comparação com os resultados e o nível de investimento feito pelo emblema que joga no Olímpico de Londres, o currículo do substituto de Jorge Silas em Alvalade convence qualquer um. Subindo a fasquia e mantendo ainda em equação o Liverpool, a avaliação não é muito diferente e sobretudo não colocaria nenhuma espécie de mapa de risco faraónico nas mãos de quem decide em Anfield.

Na primeira temporada na Premier, Klopp encontrou o plantel (rendeu Brendan Rodgers em outubro de 2015) a seis pontos do Manchester City e concluiu o campeonato num inusitado oitavo lugar, o que correspondeu à posição mais baixa do germânico nas nove épocas no estrangeiro. O homem que confessou a predileção pelo futebol “heavy metal”, a partir do ano de estreia, não conseguiu fazer pior do que a quinta posição, embora se tivesse contentado duas vezes com o quarto lugar.

Em 2016/17 e em 2017/18, o ex-Borussia Dortmund falhou sempre o pódio, apesar de ter conseguido há seis anos a sua primeira final da Liga dos Campeões, perdida diante do Real Madrid na noite do surpreendente adeus de Cristiano Ronaldo aos festivais blancos.

Amorim também sabe o que é ficar em quarto numa época que apanha a meio da viagem e noutra em que tira bilhete logo a abrir. O melhor de tudo isso é que, na temporada seguinte, o primeiro lugar está “garantido”. Assim aconteceu em 2020/21 (campeão, depois de ter ficado a 22 pontos do FC Porto, a 17 do Benfica e em desvantagem no confronto direto com o Braga) e assim parece que vai acontecer no que falta disputar da Liga.

Há um ano, os leões ficaram a quatro pontos do Braga, a 11 do FC Porto e a 13 do Benfica. Agora têm sete pontos de avanço e poucos conseguem evitar os foguetes de festa anunciada. Só faltam quatro rondas e manifestamente o antigo 6 do Benfica é um expert mundial na arte de tirar partido de todas as comodidades de um majestoso “room” ou de um simples quarto.

Vai ser aí, na impossibilidade ou na irrazoabilidade de voltar sábado a Londres, que na véspera do FC Porto-Sporting assistirá com toda a atenção ao West Ham-Liverpool.

É impensável que não o faça.

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